O comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa básica de juros no país próxima de zero e adiantou que é provável que a taxa se manterá nesse patamar nos próximos meses. O placar dos diretores do Fed marcou 10 a zero pela manutenção da meta dos Fed Funds para empréstimos interbancários no recorde de baixa, a faixa de zero a 0,25% ao ano. O compromisso de manter as taxas baixas por mais tempo foi renovado, mas a autoridade monetária insinuou que a maior economia do planeta está mais estável, em mais uma confirmação de que a grave recessão já passou ou será superada em breve, após 20 longos meses.
No comunicado divulgado após a decisão sobre juros, o Fed também avisou que irá desacelerar gradualmente seu plano de comprar até US$ 300 bilhões em títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries) para permitir uma transição tranquila nesses mercados. “Para incentivar uma transição suave nos mercados, enquanto essas compras de títulos do Tesouro se completam, o comitê decidiu diminuir gradualmente o ritmo dessas transações e antecipa que o volume total será comprado até o fim de outubro”, disse o Fed, no comunicado. Esperava-se amplamente que o programa de resgate não convencional terminaria em setembro, como estava previsto.
O Fed começou a comprar títulos do Tesouro em 25 de março e previa naquela época cumprir o programa em seis meses. Do total de US$ 300 bilhões, Ben Bernake já gastou US$ 252,8 bilhões. Não houve alterações nas taxas de juro, como se esperava, ficando no intervalo de zero a 0,25%. O mercado financeiro reagiu bem às decisões programadas por Bernanke. As bolsas norte-americanas chegaram a subir ontem acima de 2%.
“O comitê de política monetária decidiu desacelerar gradualmente o ritmo destas transações e antecipa que o montante total será comprado até o fim de outubro”, diz o texto do BC norte-americano, emitido após a reunião sobre o juro básico. Em outro sinal de que o Fed continua cético sobre a força da recuperação, o órgão não deu indicação de que esteja contemplando alta no juro.
A economia norte-americana mostra sinais de que está saindo da recessão e que as perdas de empregos, que já superaram a marca dos 6 milhões, estão diminuindo. Em julho, o Fed previa que o crescimento seria retomado na segunda metade do ano, depois de sofrer contração em cinco dos últimos seis trimestres, mas avisou que o desemprego deve continuar alto até meados de 2011.
Para acalmar as preocupações de que a política monetária do Fed pode provocar uma futura onda inflacionária quando a recuperação econômica ganhar ritmo, o presidente do Fed, Ben Bernanke, tem se esforçado para explicar que o banco tem ferramentas para tirar dinheiro do sistema financeiro e, assim, evitar o aumento das pressões sobre os preços.