A parceria entre a BM&FBovespa e a Chicago Mercantile Exchange Group (CME Group) – a maior bolsa de derivativos do mundo – dá mais um passo. A partir de hoje, os investidores brasileiros qualificados – com patrimônio acima de R$ 1 milhão, segundo a Instrução 461 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – poderão comprar e vender daqui do Brasil todos os ativos da CME disponíveis na plataforma de negociação da bolsa americana, chamada de Globex.
Entre os ativos estão: os derivativos de commodities agrícolas, como soja, milho, trigo e algodão; os contratos futuros do índice Standard and Poor\’s de 500 ações (S&P-500), os do índice Nasdaq e os do Dow Jones; os futuros da taxa de juros americana (\”treasuries\”); os futuros de moedas, além das opções sobre esses contratos futuros.
Apesar de ser um passo importante no sentido da internacionalização tanto do mercado quanto dos investidores, a expectativa é de que não haja uma explosão de negócios logo no primeiro momento, diz o diretor executivo de operações e tecnologia da informação da BM&FBovespa, Cícero Augusto Vieira Neto.
E um dos motivos é que, além de ser qualificado, o investidor precisa seguir uma série de outras regras. Primeiro ele precisa ter acesso à plataforma de negociação da BM&FBovespa, o Global Trading Sistem (GTS). O investidor irá negociar os ativos da CME por intermédio de uma corretora brasileira. Mas, como irá liquidar o negócio em dólares e não em reais, terá de ter também um membro de compensação americano, que será responsável por essa liquidação na moeda americana. \”É uma operação um pouco mais burocrática do que comprar e vender derivativos diretamente na BM&F\”, diz Vieira Neto. De qualquer forma, já há investidores cadastrados para começarem a negociar a partir de hoje.
Num segundo momento, que deve ocorrer ainda neste primeiro semestre, o Banco BM&F é que irá liquidar os negócios para o investidor já em reais junto ao membro de compensação da CME. O diretor da BM&F acredita que isso deve facilitar a negociação dos ativos pelos brasileiros.
Até hoje, os investidores nacionais podiam negociar ativos internacionais. Mas para isso precisavam operar no mercado externo. A expectativa da bolsa é que não apenas os investidores financeiros, como os fundos de pensão e as administradoras de recursos de terceiros (as \”assets\”), passem a negociar na CME. A partir de agora, uma trading de soja, por exemplo, poderá fazer o \”hedge\” (proteção) do produto com os contratos de soja no mercado americano, ilustra o diretor.
Esse é um dos passos do amplo programa de integração entre as plataformas de negociação da BM&FBovespa e da CME Group. Em outubro do ano passado foi a vez dos investidores internacionais passarem a poder negociar os derivativos da BM&F por meio do sistema de negociação da CME. Da mesma forma que os brasileiros, eles negociam via uma corretora internacional, que por sua vez encontra uma corretora brasileira para intermediar a operação. A operação é liquidada em reais, portanto, o investidor precisa dar garantias no Brasil e na moeda brasileira, o que, em parte, reduz o interesse, acredita Vieira Neto.
Ele afirma que a negociação de estrangeiros na BM&F via Globex ainda é baixa também pelo fato de o lançamento ter ocorrido em outubro, no auge da crise financeira. Ele lembra, no entanto, que o potencial é muito grande, já que investidores do mundo inteiro negociam na plataforma da CME.