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As Bolsas de Valores de Chicago (CME) e de São Paulo (BM&F Bovespa) vão tentar unir forças para criar o primeiro mercado unificado de biocombustíveis, em mais um passo para a internacionalização do etanol. A informação é do diretor-gerente da CME, Robert Ray, que viajará ao Brasil no início de abril para negociar o acordo.
As duas instituições fecharam uma parceria em fevereiro e já fecharam mais de 21 milhões de contratos. A CME é a maior e mais diversificada bolsa do mundo. O grupo foi formado em 2007, com a fusão da Chicago Mercantile Exchange (CME) e a Chicago Board of Trade (CBoT).
A CME já mantém uma cotação para o etanol de milho, usado nos Estados Unidos. Já a BM&F mantém sua cotação para o etanol de cana. “O que queremos debater agora é um passo a mais e estabelecer uma cotação única para biocombustíveis”, explicou Ray, ao Estado.
Em fevereiro, as duas bolsas assinaram um acordo de parceria estratégica para permitir investimentos em bolsas internacionais e o desenvolvimento de uma plataforma eletrônica de negociação de derivativos e ações.
A BM&F ainda indicará um representante para participar do conselho de administração da CME. A participação societária da bolsa paulista na CME ainda foi elevada para 5%, equivalente a cerca de US$ 1 bilhão.
Nessa parceria, uma das primeiras oportunidades de operação será no setor de etanol. “Vou ao Brasil nas próximas semanas para negociar exatamente isso”, disse Ray. Mas ele esclarece que a parceira com São Paulo vai além do etanol.
Um dos principais objetivos do governo brasileiro é instituir o mercado mundial de etanol, até como forma de consolidar o biocombustível como uma alternativa real.
Além do mercado financeiro, a principal batalha do Brasil é conseguir que americanos e europeus reduzam suas tarifas de importação e permitam que o etanol nacional possa entrar nesses mercados com preços competitivos.
Em pouco mais de um mês, os contratos entre Chicago e a BM&F atingiram a marca de 21 milhões. “Estamos dando um exemplo de como fazer parceria”, disse Ray.
Ray aposta no Brasil e nos Estados Unidos como os grandes fornecedores de soja, milho e outros grãos para o mundo na próxima década. “Os dois países vão alimentar o mundo nesse segmento”, disse. “O mundo emergente vai demandar cada vez mais e isso é uma grande oportunidade para o Brasil.”
Além do etanol, as duas bolsas vão desenvolver um mercado de derivativos até 2011. Um dos pontos do acordo é que a bolsa paulista possa comercializar a plataforma eletrônica desenvolvida com Chicago para outros países. Para isso, a BM&F investirá US$ 175 milhões em dez anos.
Parceria ampliada
Robert Ray
PRESIDENTE DA
BOLSA DE CHICAGO
“O que queremos debater
agora é um passo a mais e estabelecer uma cotação
única para biocombustíveis.
Vou ao Brasil nas próximas semanas para negociar exatamente isso. Estamos
dando um exemplo de
como fazer parceria.”
PARA ENTENDER
Etanol mais perto de virar commodity
Por trás da negociação entre as Bolsas de Valores de Chicago (CME) e de São Paulo (BM&F Bovespa) está a possibilidade de transformar o etanol brasileiro numa commodity. Ou seja: fazer do biocombustível um produto facilmente comercializado no mundo inteiro. Para ser uma commodity, o etanol precisa seguir parâmetros de especificação que sejam universais, aceitos mundialmente. O etanol produzido no Brasil deve ser semelhante ao etanol produzido nos Estados Unidos, por exemplo.
Um dos primeiros passos para que isso se torne realidade foi obtido em fevereiro desse ano pela indústria canavieira. A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) classificou o etanol feito de cana como um biocombustível avançado. Agora, esse processo deve avançar no mercado financeiro já que a negociação do etanol em bolsas de mercadoria é fundamental para que se alcance referência de preços.