Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) apontaram irregularidades
em convênios firmados pelo Ministério do Turismo com duas associações
que recebem regularmente da pasta há anos e participam do Bem Receber
Copa, projeto de qualificação profissional para a Copa de 2014 gerido
pelo ministério. Os apontamentos foram feitos nos anos de 2008 e 2009.
Os auditores afirmaram haver “irregularidades bastante graves” em
convênios firmados pelo ministério com a Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel) e classificaram a Associação Brasileira de
Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) como uma “simples
intermediária de contratações”. A primeira recebeu do governo, entre
2004 e 2011, R$ 50,8 milhões. A segunda obteve, entre 2005 e 2010, R$
12,3 milhões. Os problemas envolvendo a Abrasel foram apontados em
auditoria do TCU levada à CPI das ONGs. A Abeta foi investigada em
análise das contas do ministério e da Embratur.
Segundo os técnicos, no caso da Abrasel, as irregularidades estão
relacionadas, principalmente “a contratação de empresas diversas para
administração dos recursos repassados pelo ministério, a título de
contratação de consultoria e de empresa organizadora, consistindo em
terceirização não prevista nos termos de convênio e configurando a
ausência de condições da entidade em gerir os convênios”.
Os auditores do TCU apontaram uma série de irregularidades em
licitações feitas pela Abrasel. Segundo eles, a associação permitiu que o
responsável pela elaboração do projeto básico de um dos convênios
“participasse e vencesse diversas licitações na condição de
sócio-proprietário de empresa. A entidade também contratou diversas
vezes empresa administrada por um dos seus conselheiros, além de
contratar o filho de um dos sócios-fundadores”.
Os analistas afirmaram também ter havido a prática de licitações
cruzadas e ainda “ausência de interesse público” em três convênios. Em
um deles, feito para implantação do “Programa Qualidade na Mesa”, foram
previstas despesas no valor de R$ 590 mil para a publicação da série de
livros “Caminhos do Sabor”, de alto luxo, ocorrendo, segundo os técnicos
“reversão das obras publicadas para fins comerciais”. O ministério
também gastou R$ 3,2 milhões no “Programa de Boas Práticas de
Manipulação de Alimento”. O terceiro convênio, no valor de R$ 591 mil,
foi assinado para o “Fortalecimento Gerencial da Abrasel”.
Arquivados. Apesar de todos os relatórios dos
técnicos e dos indícios de irregularidades, ambos os casos, Abrasel e
Abeta, foram amenizados pelos ministros relatores do TCU e
posteriormente arquivados. No caso da Abeta, os analistas do TCU
sustentam que, em convênios firmados entre a Embratur e a associação,
todas as atividades do plano de trabalho foram terceirizadas, e a Abeta
atuou apenas como “repassadora dos recursos”.