Em Viena, na Áustria, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, criticou duramente a estrutura do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que a reforma do órgão é “urgente e inevitável”. Com o mesmo formato de quando foi criado, após a 2ªGuerra Mundial, em 1948, o conselho tem cinco vagas permanentes, cujos membros podem vetar decisões, e dez vagas rotativas, cujos integrantes não têm direito a veto.
“A reforma é inevitável. Se me perguntarem quando [ela ocorrerá] não saberei dizer. Mas não é plausível manter da maneira que está”, afirmou Amorim, depois de ser homenageado pela Academia Diplomática de Viena, na qual estudou como bolsista em 1965. Segundo o chanceler, o método adotado para o voto no conselho não corresponde ao ideal.
As críticas de Amorim ocorrem no momento em que aumenta a tensão em torno do programa nuclear do Irã. Nos últimos 15 dias, o Conselho de Segurança – por 12 votos favoráveis – aprovou uma série de sanções ao governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Em seguida, os Estados Unidos e a União Europeia fecharam ainda mais o cerco adotando várias medidas restritivas que atingem o comércio e a área militar do Irã.
Para Amorim, a composição do Conselho de Segurança “não corresponde à realidade política” do mundo atual. O mais grave, segundo o chanceler, ao mencionar o caso das sanções ao Irã, é que o texto aprovado pelos 12 países – liderados pelos Estados Unidos, pela França, Inglaterra, China e Rússia – só foi conhecido depois que a imprensa o divulgou. “Faltou transparência”, queixou-se.
Apenas o Brasil e a Turquia votaram contra as sanções ao Irã. O Líbano se absteve da votação. Antes da discussão, no último dia 9, os governos brasileiro e turco negociaram o acordo nuclear iraniano. Segundo a proposta, o Irã enviará 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido para a Turquia. Em troca, receberá 120 quilos do produto enriquecido a 20% para ser usado para fins pacíficos.
No entanto, a comunidade internacional, seguindo orientações dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra e da Alemanha, manteve as dúvidas sobre o programa nuclear iraniano. Para parte da comunidade, há produção de armas atômicas no Irã. Ahmadinejad nega as acusações.
Amorim chegou hoje à noite a Bucareste, na Romênia, onde fica até amanhã para encontros bilaterais. Em seguida, viaja para a Bulgária.