Na visão da Genial Investimentos, a valorização do real decorre dos impactos diretos e indiretos da invasão da Ucrânia pela Rússia, com seu caráter mais duradouro quanto à manutenção do dólar como moeda de valor para países e empresas, após as sanções dos Estados Unidos, União Europeia e países aliados ao governo Putin e às empresas russas.
Sem desprezar o impacto de a Selic estar agora em 11,75% (podendo chegar a 12,75% em maio e a 13% em junho), contra 0,50% dos juros básicos nos Estados Unidos (que tendem a chegam a 1% em junho, com ganho diferencial para as aplicações em reais, com a posição estratégica do Brasil como grande produtor de minérios, petróleo e alimentos (justamente artigos afetados pelos efeitos dos conflitos e das sanções, empurrando para cima a valorização da moeda brasileira, bem como de outros parceiros da América Latina e situação análoga), depois de lamentar a tragédia humanitária, a Genial faz uma interessante análise sobre as repercussões das sanções econômicas e financeiras adotadas pelos países do ocidente, sob a liderança dos Estados Unidos, visando excluir a Rússia do sistema financeiro e do mercado de trocas global.
Ela cita a pressão para que empresas interrompam voluntariamente suas atividades comerciais com suas contrapartes russas e exclusão dos bancos do país ao sistema SWIFT. O artigo da Genial em sua carta diária de hoje, chama a atenção para “o confisco das reservas cambiais do governo russo, denominadas em dólares, ouro e títulos do tesouro americano, custodiadas em outros bancos centrais do mundo ocidental” e procura “discutir as implicações de longo prazo deste congelamento de reservas cambiais”.
A Genial lembra que “o dólar, assim como as demais moedas fiduciárias, representa uma dívida soberana entre um determinado governo e o ente que se dispôs a reter a moeda em seu portfólio. Se, por alguma razão, o governo emitente da moeda fiduciária se recusa a honrar esta dívida, como no caso de proibir o acesso aos recursos depositados em bancos sob sua jurisdição, a credibilidade desta moeda é, claramente, afetada”. Por isso, considera que “este movimento de congelamento das reservas em dólares, em ouro e em títulos do tesouro americano custodiadas nos bancos do mundo ocidental será responsável por uma quebra estrutural na confiabilidade das moedas fiduciárias, principalmente do dólar”, numa visão de longo prazo.
Consequências vêm sempre depois
Para a Genial, “as alterações no arcabouço de meios de pagamento global ocorrem de maneira lenta”, mas acredita “que os principais impactos sobre o dólar sejam, em primeiro lugar, a perda do valor destas reservas, o que reduzirá o incentivo de utilizar esta moeda como reserva cambial dos países” e explica: “ dado que há o risco de que em um momento de necessidade o país possa ficar incapacitado de usar suas reservas, naturalmente estas perdem valor e atratividade”.
O artigo assinala que os governos buscarão diversificar suas reservas para reduzir sua exposição a uma única moeda fiduciária, visto que estes ativos se mostraram menos líquidos e seguros do que o antecipado. E destaca o fato de que “a China possui mais de 3 trilhões de reservas em dólares e títulos do tesouro americano, sendo o principal credor da dívida americana”. Diante da polarização que vem se materializando no atual conflito, a Genial acredita que o Yuan tende a se fortalecer no médio/longo prazo devido ao importante papel que a China exerce no mercado global. Por ora, o iene já se fortaleceu.