O assessor econômico do Partido dos Trabalhadores (PT) na corrida à Presidência da República, Guilherme Mello, afirmou nesta segunda-feira (20) que um eventual novo governo do PT irá propor uma reforma do sistema bancário para incentivar o crescimento do crédito.
A declaração foi dada durante entrevista à GloboNews, que, nesta semana, entrevista os responsáveis pela área econômica das campanhas dos postulantes ao Palácio do Planalto nas Eleições 2018.
Mello apontou que a reforma é um elemento central da proposta do PT para a retomada do crescimento da economia, junto com a retomada do emprego, e afirmou que o atual sistema é um ‘cartel bancário’.
“A retomada do crédito, ela pressupõe nós reformarmos o nosso sistema bancário atual que é totalmente cartelizado. Você tem um cartel bancário, cinco bancos basicamente dominam tudo, e dois deles são públicos, é verdade. Mas atualmente se comportam como bancos do cartel privado\”, disse o economista.
\”Então o que que a gente quer criar, quer criar uma regra que valha para todos, e que reforme esse sistema. Através da introdução da tributação progressiva sobre os bancos, sobre o sistema financeiro. O que isso significa? Fundamentalmente, quem cobra juros mais altos, e spreads mais altos, vai pagar mais imposto. E quem cobrar menos spread, menos juros, vai pagar menos”, concluiu.
Segundo Mello, uma das propostas também envolve a criação de uma linha de crédito que permita às pessoas refinanciarem suas dívidas e saírem do cadastro negativo. \”Dessa forma elas melhoram seu score de crédito e têm acesso (a crédito)\”, afirmou.
Questionado sobre a reforma da previdência e como fazer para reduzir o déficit do setor, Mello afirmou que é preciso atacar onde está a maior parte dos desequilíbrios. \”O foco é em combater privilégios na Previdência\”.
O principal problema, segundo ele, está nos regimes próprios, e será preciso criar condições para equalizar \”o máximo possível\” as condições de aposentadoria, dos servidores públicos e dos trabalhadores privados. \”Ou seja, que haja uma regra que seja mais ou menos igual para todos os trabalhadores\”, apontou.
Veja abaixo outros temas abordados pelo economista do PT durante a entrevista \’a GloboNews:
Contas públicas: \”Nós acreditamos que em primeiro lugar uma condição fundamental para o ajuste fiscal ser duradouro é a retomada do crescimento econômico. Não adianta a gente só ficar falando imediatamente em cortar gastos. Você vai cortar o gasto, a arrecadação não vai crescer e você não vai resolver o problema. (…) Para chegar lá você precisa de um novo projeto de desenvolvimento nacional que vai promover esse desenvolvimento econômico e medidas que vao reduzindo e melhorando a situação fiscal paulatinamente\”.
Volta do imposto sindical: \”O problema no imposto sindical é o seguinte: você tem dois modelos. Um é os trabalhadores contribuem para o sindicato obrigatoriamente e se o sindicato negociar alguma coisa todos os trabalhadores ganham. Outro é os trabalhadores contribuem voluntariamente, mas se o sindicato negociar alguma coisa, só os sindicalizados ganham. O Brasil criou um modelo híbrido que é uma maluquice, que incentiva o que a gente chama de caronista, que é o cara que não precisa contribuir mas se beneficia dos acordos. O que nós propomos é o seguinte: essa reforma trabalhista é criminosa, não só porque enfraquece os sindicatos que são fundamentais, deixando os sindicatos basicamente sem nenhum instrumento, querendo transformar os sindicatos em uma espécie de clube de campo, mas também porque enfraquece a Justiça do Trabalho\”.
Retomada do crescimento e geração de empregos: \”Primeira coisa para resolver o problema certamente é retomar o crescimento e a geração de empregos. Você não tem como melhorar as condições do próprio mercado de trabalho só por lei. Você tem que voltar a gerar emprego nesse país. A gente tem um programa emergencial de retomada da geração dos empregos. Nosso programa emergencial hoje envolve a retomada de investimentos em obras que estão hoje paradas. Só do Minha Casa Minha Vida tem milhares de obras que estão paradas. (…) A gente sabe que boa parte do desemprego está nas cidades e no setor da construção civil. Você precisa retomar essas obras que estão licitadas, já contratadas mas estão paradas\”.
Erros dos governos passados o PT: \”É evidente que a desaceleração decorre tanto de erros na condução da política mas também de uma deterioração no quadro externo. Alguns erros já foram admitidos, inclusive pela própria presidente Dilma, por exemplo a questão das desonerações. Você começou, diante da desaceleração econômica, e do pedido e da pressão dos empresários por recuperar a sua capacidade de investimento, você começou a dar desonerações. É importante lembrar que o pacote de desonerações que o governo Dilma originalmente mandou para o Congresso é desse tamanho. O Eduardo Cunha, que era então um grande articulador, transformou em um pacote desse tamanho, um pacote enorme\”.