Não poderia ter escolhido um evento mais apropriado. Se começa assim – “a gente precisa de leis que garantam a paz no campo também” –, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez o seu comercial para a bancada ruralista. Para deixar mais claro, defendeu o porte de armas para os fazendeiros. Como não poderia deixar de ser, fez a ressalva da necessidade de uma “regra muito dura e muito clara”.
Pré-candidato ao governo do Rio, Maia dá sinais de que pode querer voos mais altos. Não dá para entender direito o que ele quis dizer – “só não podemos sair de uma ponta para a outra, do nada para o tudo” –, mas, na tradução política, a ponta do Rio de Janeiro pode estar virada para o Palácio do Planalto. Pelo jeito, o evento da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) deve ser o primeiro passo, diante da volumosa bancada ruralista no Congresso.
Já que em estudo da própria CNA, o maior problema é o furto (49%), melhor deixar os “ladrões de galinha” pra lá. E, quem sabe, antes de agradar aos ruralistas, que tal um censo de fazendas em que os proprietários e seus capatazes não têm armas. Quem souber que informe.
Deixando a fazenda pra lá, ou melhor, incluir o Ministério da Fazenda, a notícia do dia envolve, além de Maia, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Tem mais gente, mas o que importa é a medida provisória que tratou de incentivos fiscais a produtores de etanol e à indústria química.
Como sempre, a propina vem de executivos da Odebrecht, a empreiteira que fez acordo de delação premiada. Quanto ao acordo de leniência, que seria mais apropriado, só serve para confundir. Melhor dizer delação mesmo.
Deixando o Judiciário pra lá e voltando à política propriamente dita, quem nem esperou a defunta candidatura do ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa esfriar foi o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Em entrevista exclusiva ao programa CB.Poder, do Correio Braziliense, jornal integrante dos Diários Associados, diz acreditar que herdará os votos dele. “No meu entender, serei o maior beneficiário desse espólio eleitoral.”
Sendo assim, o jeito é tratar da Operação Prato Feito, desta vez só com a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU). Se os corruptos mandam trocar a carne da merenda escolar por ovo, o jeito é fazer uma omelete para matar a fome logo, antes que o apetite dos corruptos faça com que perca o meu.
“Não permitiremos que a Assembleia Legislativa seja abalada por atitudes retrógradas. Não vamos nos calar. Estaremos vigilantes em nome do povo penalizado por este governo do PT”
A frase é do deputado João Leite (PSDB) sobre o vai não vai do pedido de impeachment do governador Fernando Pimentel
‘Projeto zero’
Nos corredores da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o vereador Gabriel Azevedo (PHS) não para de colecionar desafetos e apelidos. O mais recente que surgiu entre os adversários foi o “Projeto Zero”. Isso porque, em quase um ano e meio de mandato, Azevedo não apresentou nenhum projeto de lei para ser apreciado pelo Legislativo municipal. Um colega chegou a brincar, dizendo que Azevedo ainda não deu ao prefeito Alexandre Kalil, com quem se indispôs, o prazer de vetar nenhuma proposta dele até agora.
Atrasado
“Dep. Weliton Prado cobra suspensão do aumento abusivo de 88,8% na tarifa do Metrô de BH/Contagem.” Foi na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados que Weliton Prado (Pros) fez a cobrança. “Exorbitante, abusivo, ilegal e desrespeitoso” foram termos usados. Enquanto Weliton fazia o seu comercial, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), como registrado na coluna de ontem, foi direto ao ministro Esteves Pedro Conalgo, de Viação e Transportes, que prometeu liberar R$ 28,8 milhões por decreto e mais R$ 94 milhões por meio de projeto de lei.
Virou inferno?
Ora, quem diria? O “jardim do Éden” não acolheu o recurso do ex-ministro Geddel Vieira Lima. E olha que o placar foi de 5 a 0. Ele foi mantido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Afinal, era óbvio que soltar Geddel não seria uma boa ideia dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) integrantes da Segunda Turma, daí o apelido bíblico jocoso, já que ela costuma ser menos rigorosa que a Primeira, com decisões favoráveis a investigados. Quanto à boa ideia, os R$ 51 milhões em malas apreendidas pela Polícia Federal (PF) falam por si.
Piso nacional
“Os mineiros não podem mais ficar de braços cruzados diante de uma situação absurda provocada pelo governo petista, que não paga seus servidores, sendo os professores a categoria mais prejudicada.” Ao fazer esse comentário, o deputado estadual Bonifácio Mourão (PSDB), que hoje vai protocolar substitutivo à PEC 49, prevendo o pagamento do piso nacional aos professores. E prevê ainda que a quitação dos salários seja retroativa ao ano passado. Para ser protocolado, o substitutivo precisa contar com 26 assinaturas. Até o fim da tarde de ontem, já haviam subscrito quase 40 deputados.
Pingas
Uma nova pesquisa eleitoral está a caminho. A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) não perdeu tempo. Com a saída do ministro Joaquim Barbosa da disputa presidencial, correu para saber quem vai herdar os votos dele. Mas é só coincidência, viu?
Como aqui registrado, primeiro ela atacou a venda da Eletrobras. Ontem, voltou à tribuna, desta vez para lamentar. É a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), diante da aprovação da privatização na comissão mista.
“Ministro da Educação defende atenção à educação básica e à alfabetização” era o título. Mas o melhor estava por vir: “Rossieli Soares, alertou para a necessidade de o Brasil cuidar mais da qualidade de educação básica, principalmente da alfabetização.
Para registro, Rossieli Soares assumiu o cargo no lugar do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), em abril. Para deixar claro, o ex-ministro, ano passado, jurava que não seria candidato, mas política dá voltas, né?
Enfim, se em plena quarta-feira, dia mais cheio, a sessão na Assembleia Legislativa (ALMG) foi encerrada por falta de quórum e por causa da briga entre governistas e oposição… Coluna encerrada também.