Escalado para fazer parte da equipe que vai monitorar os protestos programados para este fim de semana, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, comparou nesta sexta-feira (13) as manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff aos ataques sofridos pelo ex-presidente Getúlio Vargas nos anos 1950.
Integrante do grupo dos conselheiros políticos de Dilma, o ministro disse ao G1 ser “inaceitável” que setores da sociedade defendam o impeachment da presidente. Em sua sala, no quarto andar do Palácio do Planalto, ele avaliou que pedir a cassação do mandato “é sinônimo de golpe”.
Para ele, os protestos contra Dilma se assemelham à “velha tática” empregada pelo jornalista Carlos Lacerda, principal opositor de Getúlio Vargas.
“Alguns setores que organizam o impeachment parecem recorrer à velha tática do [Carlos] Lacerda nos anos 1950 na sua relação com o governo Getúlio. Lacerda dizia que se ele fosse candidato, não poderia ser eleito. Que se fosse eleito, não poderia tomar posse. Que se tomasse posse, teria que ser derrubado do governo. Então, parece que alguns setores trabalham com essa hipótese”, disse.
Durante a campanha presidencial de 1950, Lacerda publicou um artigo em seu jornal, “Tribuna da Imprensa”, no qual escreveu: “O senhor Getúlio Vargas não deve ser candidato à Presidência; candidato, não deve ser eleito; eleito, não deve tomar posse; empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”. Vargas ganhou a eleição, mas fez um governo marcado por crises políticas, que culminou em seu suicídio, em agosto de 1954.
Segundo Pepe Vargas, a defesa do impeachment da presidente é “inaceitável” porque, na avaliação dele, equivale a “golpe”.
“E como há alguns setores que defendem o impeachment, isso, nós temos que dizer, é inaceitável. Impeachment nessas condições é sinônimo de golpe. Isso nós não podemos aceitar”, declarou.
Sobre a presidente ter ficado fora das investigações de políticos referente à Operação Lava Jato em inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, Pepe Vargas afirmou que ela não cometeu crime e, portanto, “não há que se falar neste assunto de impeachment”.
O ministro afirmou que o governo acompanhará as manifestações programadas para o domingo (15) em vários municípios. De acordo com Pepe Vargas, é “evidente” que o governo respeita os protestos, desde que pacíficos e sem uso de violência. Segundo ele, será um domingo “como outro dia qualquer”. “Com uma diferença, que vai ter manifestação organizada por setores que são contra o governo”, disse.
Na próxima segunda-feira (16), informou, a presidente Dilma Rousseff reunirá no Palácio da Alvorada, residência oficial, os ministros da cúpula do governo para, entre outros assuntos, avaliar os efeitos das manifestações do domingo.
Na avaliação do ministro, “parcela da oposição” faz “terceiro turno permanente” da eleição presidencial ao falar das medidas de ajuste fiscal e faz também “uso político” das denúncias de irregularidades em contratos da Petrobras investigados pela Lava Jato.