Do escritório mantido no tradicional Bairro da Floresta, em Belo Horizonte, o novo presidente da Itambé, o engenheiro mineiro Alexandre Almeida, comanda uma revisão minuciosa do plano de investimentos da companhia, quatro meses depois de anunciado o ingresso da Vigor Alimentos S/A, do grupo J&F, com 50% do negócio. A proposta do executivo é acelerar o programa de expansão do laticínio mineiro que apresentará em 45 dias ao Conselho de Administração da nova empresa, constituído de representantes da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) e da Vigor. A expansão da fábrica de Pará de Minas, na Região Central do estado, é uma alternativa bastante provável do portfólio em discussão.
Almeida confirmou ontem o lançamento nos próximos meses do iogurte grego da marca, junto à ampliação dos sabores da linha do produto já oferecido ao consumidor e da criação de leite UHT vitaminado para crianças. Depois de investir R$ 350 milhões nos últimos sete anos em modernização de fábricas e centros de distribuição, a companhia pôs o seu parque fabril alinhado à tecnologia moderna, permitindo que o próximo ciclo seja conduzido com a meta de expansão da oferta. “O que mudou, agora, é o ganho de capacidade da companhia para acelerar o seu desenvolvimento. Com a entrada da Vigor e a nova estruturação financeira, a Itambé tem condições de imprimir velocidade aos seus projetos”, afirma.
A Vigor pagou R$ 410 milhões pela sociedade, recursos que reduziram o endividamento da Itambé. Como não poderia deixar de ser para um executivo experiente, que comandava a direção da área de produtos industrializados do gigantesco frigorífico JBS, Almeida diz que o foco dos investimentos está no crescimento da empresa na estrutura atual, mas que não descarta analisar oportunidades de aquisições e parcerias. Com quatro unidades em Minas, o executivo considera não haver sentido na construção de uma quinta fábrica.
O que Almeida quer é levar a Itambé à liderança no segmento de produtos refrigerados em todo o interior de Minas, na mesma proporção dos 27% de participação que a companhia detém na Grande BH. “Em termos de investimentos, essa área terá prioridade por estar operando no limite da sua capacidade”, afirma. Já na chamada linha seca ou de produtos de mercearia – inclui leite em pó, condensado, creme de leite e doce de leite –, existe margem de manobra de 30% da capacidade instalada de produção para ser ocupada. Fora de Minas, o foco é crescer no Nordeste, com fábrica local, no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal.
Estrutura
Almeida diz, ainda, ter encontrado uma estrutura de funcionamento e de pessoal enxuta e eficiente na Itambé, que não demanda alterações significativas. São 3 mil empregados. Um projeto que pode ser retomado são as exportações de lácteos, hoje bastante reduzidas e que não passam de 1% da produção. Desde 2008, com o longo período de valorização do real sobre o dólar, as vendas externas, que haviam alcançado US$ 240 milhões por ano, perderam fôlego, descendo a modestos US$ 10 milhões anuais. De mais de 100 países, os destinos dos embarques ficaram limitados a 16 parceiros no exterior. A alta recente da moeda norte-americana dá novo ânimo ao negócio. Almeida substituiu o ex-presidente Jacques Gontijo, que vai presidir o Conselho de Administração ao lado de Wesley Batista, da JBS.