O Chipre entrou no mapa econômico nesta semana, após os ministros de finanças da zona do euro concordarem, no último sabádo, para a realização de um programa de € 10 bilhões ao país, que envolveria toda a população do pequeno país.
Todos com menos de € 100 mil nas contas bancárias pagariam uma taxa compulsória de 6,75%, enquanto as contas com valores acima disso arcarão com uma taxa de 9,9%. Entretanto, nesta terça-feira (19), a maioria dos parlamentares cipriotas rejeitou a proposta, ressaltando que a situação do país ficaria bem mais complicada caso esse plano se confirmasse.
Anteriomente, o governo do Chipre havia afirmado que não tinha escolha a não ser aceitar o resgate através dos impostos a depósitos ou ir à falência. Deste modo, os próximos apontam que, se caso um novo plano de resgate não seja desenhado, o país estará cada vez mais perto de deixar a zona do euro.
Caso do Chipre pode afetar financiamento nos países periféricos, avalia JPMorgan (Wikimedia) Caso do Chipre pode afetar financiamento nos países periféricos, avalia JPMorgan (Wikimedia)
Contudo, aponta o JPMorgan, os mercados parecem subestimar o evento desencadeador da crise econômica atual, ressaltando que todos estão ficando relaxados muito cedo. No Japão, o índice Nikkei encerrou a última terça-feira com fortes ganhos, enquanto as bolsas dos Estados Unidos não se abalaram muito, embora as europeias registrassem fortes perdas, após o caos observado na véspera.
Com o Chipre rechaçando a proposta pelos níveis atuais, os analistas do JPMorgan destacam três opções para que o plano de resgate aconteça: a primeira seria fazer com que os depositários segurados não pagassem taxas.
Isso seria inviável, uma vez que a maior parte destes impostos recaíram sobre a Rússia, que poderia invibializar os empréstimos, dos quais o Chipre necessita muito. A segunda opção seria pedir mais apoio à troika (grupo formado por União Europeia, BCE – Banco Central Europeu – e FMI – Fundo Monetário Internacional), o que também não parece ser.
A terceira seria condicionar os impostos ao montante assegurado por cada depositante; os que tivessem € 100 mil pagariam 3%, seguidos por 5% para aqueles que possuíssem entre € 100 mil e € 500 mil e taxas de 10% para aqueles que tivessem mais do que este valor. Contudo, isso poderia parecer uma “dança das cadeiras”, levando os cipriotas a ficarem ainda mais revoltados.
Financiamento na “periferia” será afetado
Em meio ao cenário bastante turbulento, o JPMorgan destaca que a Alemanha – maior economia da zona do euro – está se mostrando mais contundente do que qualquer um esperava. “Essencialmente, estamos vendo o surgimento da Alemanha que pode dizer não”, avaliam os analistas.
Agora, avaliam, os depositantes europeus verão que correm um grande risco em deixar capital em bancos “fracos” apoiados por instituições soberanas da mesma natureza. Deste modo, o financiamento dos bancos nos países periféricos ficará, no mínimo, confuso.
Assim, avaliam, apesar de não ser um grande problema no curto prazo, o Chipre representa mais uma quebra na fé de longo prazo para os formuladores de política na zona do euro e os depositantes regionais. “Apesar da reação silenciosa até agora, a Europa lembrou aos investidores que há problemas significativos por trás da cortina”, avalia o JP.