A Celulose Riograndense anunciou no início da tarde de quinta-feira a aprovação do conselho de administração do grupo chileno CMPC para ampliar em mais de três vezes a capacidade de produção da unidade de Guaíba. A confirmação do investimento de R$ 5 bilhões abre a temporada de disputa entre os fabricantes de máquinas, equipamentos e peças pelos valiosos contratos de fornecimento.
Envolvidos em reuniões com diretores do grupo desde 2010, cerca de 70 empresas gaúchas foram habilitadas a concorrer ao fornecimento para a ampliação – e o número poderá crescer até que as compras se iniciem.
— Nossa preferência é por fornecedores gaúchos, desde que o preço e a qualidade dos produtos sejam competitivos — afirma Walter Lídio Nunes, diretor-presidente da Celulose Riograndense.
Além de indústrias metalmecânicas, integram a lista empresas de construção civil e prestadores de serviços. No total, esse grupo disputará entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão em contratos. O valor só não é maior por que parte do maquinário e das tecnologias terá de ser importada.
— As empresas gaúchas têm boas chances de vencer os contratos, inclusive por que o governo do Estado já anunciou isenção de ICMS aos fornecedores locais — diz Hernane Cauduro, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) no Estado.
A CMPC contratará empresas para erguer as estruturas da nova fábrica no primeiro trimestre de 2013.
Moradores fazem planos em Guaíba
Há algum tempo, quem chegasse pela primeira vez ao bairro Parque das Laranjeiras, em Guaíba, município da região metropolitana da Capital, teria a sensação de estar em um cenário de guerra. A área era até chamada de Iraque: ruas de chão batido, casas demolidas e nenhum estabelecimento comercial. Ficou em ruínas quando a crise atingiu a então Aracruz Celulose em 2008 e paralisou as obras de ampliação.
Com a retomada dos investimentos, o bairro está em obras. O que mais chama a atenção é uma grande avenida asfaltada. E, apesar da fama da cidade de não emplacar investimentos anunciados – como a Ford e empresas da área industrial –, os moradores encaram com otimismo o anúncio de ampliação da Celulose Riograndense – que ainda chamam de Borregaard, Riocell e Aracruz.
A retomada das obras marca também o retorno de muitos projetos pessoais que moradores haviam deixado de lado. É o caso da dona de casa Marilu Clasen, que quer aproveitar a valorização para vender um imóvel:
— Antes não passava um ônibus por aqui. Com essa avenida, agora vai ter transporte e comércio.