Na quinta feira (9), a Petrobras divulgou os dados do quarto trimestre de 2011 e registrou forte queda, de 52.3%, no lucro líquido em relação ao mesmo período do ano anterior. A quantia, que em 2010 foi de R$ 10,602 bilhões, ficou em R$ 5,049 bilhões no ano seguinte. A baixa levou o mercado à desconfiança, e os papéis da empresa fecharam nesta sexta-feira (10) em queda, afundando o índice da Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa teve baixa de 2,34%, indo aos 63.997 pontos. As ações da Petrobras desvalorizavam mais de 7%.
Segundo o sócio da Consultoria Rosemberg Associados e ex-professor de Economia da USP, José Savazini, a razão para a queda no lucro da companhia está no preço da gasolina, que é controlado pelo governo e não tem acompanhado o mercado internacional. Ele afirma que a medida causa retração da indústria do etanol, e diminui os lucros da Petrobras.
“O preço da gasolina está parado. Isso dificulta para o etanol e a plantação de cana de açúcar. Não houve má gestão na Petrobras”, afirma. “A agricultura no país está bem, menos o setor de cana de açúcar. Os Estados Unidos baixaram o imposto sobre importação de álcool, e o Brasil não conseguiu exportar. A gasolina aqui é muito mais barata do que nos EUA”, disse Savazini.
O professor acredita que esta queda é normal. Em sua opinião, houve duas razões para a desvalorização do Ibovespa nesta sexta-feira (10): o resultado da Petrobras no último trimestre de 2011 e a questão da economia grega.
Sobre a Grécia, o consultor foi firme:
“A Grécia não tem solução. O governo grego não quer sair, mas ser expulso da União Europeia”, finalizou.
Presidência e novas diretorias
Além da divulgação do registro negativo no lucro líquido, na quinta-feira (9), o Conselho Administrativo da Petrobras elegeu Maria das Graças Foster para o cargo de presidente, substituindo José Sergio Gabrielli. Foster tomará posse na próxima segunda-feira (13), marcando o fim da era Gabrielli.
O perfil dos novos executivos da companhia é técnico, e aponta que Foster não estará muito aberta a interferências políticas na nomeação de cargos. A única indicação política até o momento é de José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras e ex-presidente do PT. Dutra ainda foi coordenador da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff.
Dutra assumirá a direção da Diretoria de Gestão Corporativa, novo departamento que será responsável por setores como gestão interna da companhia e recursos humanos, antes vinculadas diretamente à presidência.
As mudanças anunciadas são na Diretoria de Exploração e Produção, que passa a ser liderada por José Formigli com a aposentadoria de Guilherme Estrella; Diretoria de Gás e Energia que fica a cargo de Alcides Santoro Martins, que já trabalhava no departamento e é indicação de Graça Foster. Ambos são funcionários da companhia.