A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine
Lagarde, afirmou nesta segunda-feira, 16, que, em razão dos riscos
criados pela crise da dívida na Europa, o Fundo está rebaixando suas
previsões de crescimento para boa parte do mundo, inclusive os países
emergentes, que têm ajudado a guiar a expansão econômica, como Ásia e
América Latina.
“Mesmo essas previsões mais baixas presumem um caminho político
construtivo que, de forma nenhuma, está garantido”, disse Lagarde. O FMI
deve divulgar amanhã as atualizações para seu Relatório de Perspectiva
Econômica Global, Monitoração Fiscal e Estabilidade Financeira.
Em relação à Europa, Lagarde afirmou que o FMI vê um “risco
considerável” de que a inflação cairá bem abaixo da meta no ano que vem e
o crescimento ficará prejudicado. Assim, novas medidas de afrouxamento
monetário, no tempo adequado, serão importantes para reduzir tais
riscos.
Ao aumentar seus mecanismos de proteção contra choques financeiros, a
Europa também será capaz de ajudar os bancos da região a elevar seus
níveis de capital sem reduzir os empréstimos. Como parte dos projetos de
integração no continente, Lagarde disse que a união monetária precisa
receber suporte de uma integração financeira, por meio de uma supervisão
unificada, uma única autoridade para regulamentação bancária e um único
fundo de seguros de depósitos.
Lagarde também afirmou que a Europa pode se financiar por conta
própria, por meio de eurobônus ou um fundo de resgate de dívidas. “Um
acordo político sobre um bônus conjunto para escorar o compartilhamento
de risco ajudaria a convencer os mercados da viabilidade futura da união
monetária e econômica europeia”.
A economia mundial enfrentará um colapso parecido com o do período da
Grande Depressão na demanda, se a Europa não agir rapidamente para
aumentar de forma dramática o tamanho da sua proteção contra a crise da
dívida, implementar políticas pró-crescimento e integrar ainda mais a
zona do euro, afirmou também a diretora-gerente do FMI. “Trata-se de
evitar o momento de 1930, no qual a inércia, insularidade e ideologia
rígida se juntam para causar um colapso da demanda global”, afirmou
Lagarde.
BCE deve continuar fornecendo liquidez
Lagarde afirmou ainda que é essencial que o Banco Central Europeu
(BCE) preencha os vácuos enquanto os líderes europeus não conseguirem
construir uma proteção maior contra a crise, dando continuidade ao
fornecimento de liquidez para estabilizar os recursos bancários e as
dívidas soberanas da zona do euro. Segundo analistas, com base nas
compras semanais de bônus, o BCE poderia cobrir mais de € 1 trilhão em
bônus de países debilitados durante o ano.
Diante de fortes pressões dos EUA e do FMI, a Alemanha e alguns
outros países do norte da Europa têm resistido a aumentar o fundo
emergencial da zona do euro, temendo que isso faça com que as nações
enfraquecidas não reduzam os gastos como se espera.
Também há resistência política em fornecer mais recursos para
resgates financeiros além dos que já foram oferecidos. Ainda assim, na
semana passada, o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, afirmou
que o governo da chanceler Angela Merkel está “profunda e firmemente
comprometido” com a zona do euro.
Lagarde está em busca de aumentar a capacidade de empréstimos do FMI
em mais de US$ 500 bilhões, para formar uma reserva de mais de US$ 1
trilhão, incluindo US$ 200 bilhões prometidos por países europeus.
Aumentar a capacidade de empréstimos do FMI será uma das mais altas
prioridades da reunião do G-20 no México em fevereiro.