O juiz Peterson Barroso Simão, titular da 3ª Vara Criminal de
Niterói, informou que o julgamento do caso Patricia Acioli deve se
estender até a próxima segunda-feira, dia 21. Nesta quarta, ele ouviu as
testemunhas de defesa, no terceiro dia das audiências de instrução e
julgamento do processo sobre a morte da juíza.
Como algumas
testemunhas não compareceram, o magistrado paralisou a audiência ao
meio-dia para que o cartório e advogados tentassem requisitar alguns
militares para prestarem depoimentos na parte da tarde, de modo a não
prejudicar os trabalhos.
Pela manhã, quatro testemunhas arroladas
pelo ex-comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, coronel Cláudio
Luiz Silva de Oliveira, prestaram depoimento ao Juízo: o coronel Marcos
Jardim, ex-comandante do 7ºBPM; o major Rodrigo Bezerra, chefe da 2.
Seção do 7º BPM; o tenente Bruno Faria Dutra de Souza e o coronel Robson
dos Santos Batalha. Também foram ouvidos, na qualidade de informantes,
Caroline Silva Rodrigues e Fernando Benitez. Ela é companheira do
tenente Daniel Santos Benitez Lopez, enquanto ele é tio do acusado.
Em
seu depoimento, o coronel Marcos Jardim disse que tinha relações de
amizade com a magistrada, inclusive chegou a frequentar sua casa.
Indagado sobre a visita feita pelo coronel Claudio Oliveira a Benitez,
preso após a execução da juíza, ele afirmou que considera normal que um
comandante vá ao batalhão prisional visitar seus policiais acautelados.
Caroline Rodrigues apresentou um álibi para seu companheiro, o
tenente Benitez. Ela disse em juízo que o oficial chegou em casa, no dia
da execução da juíza Patrícia Acioli, por volta das 23 horas. Segundo
ela, que não precisou o horário, por não ter relógio no quarto, eles
tiveram uma briga naquela noite, que se estendeu por um longo tempo,
porque desconfiava que o marido tinha uma relação extra-conjugal. Em
função da discussão, policiais foram à residência do casal, em
Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, para verificar o que ocorria.
Fernando
Benitez, tio do tenente Benitez, que é cirurgião dentista com
consultório em São Gonçalo, afirmou que deu carona ao sobrinho na
véspera do crime, por volta das 20h. Segundo o Ministério Público, nesta
noite, um grupo de policiais, liderados pelo tenente, teria se
encontrado em uma praça no Barreto, Niterói, para juntos irem reconhecer
a área da residência da magistrada.
À tarde, foram ouvidas mais
sete testemunhas de defesa: Sabrina dos Santos, Avelino Gonçalves,
Uthant Leal e Max Santos, arrolados pela defesa do acusado Handerson
Lents; o agente penitenciário David Eduardo Nunes Martins, pela defesa
do coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira; o tenente Rafael da Silva,
pela defesa do tenente Daniel Benitez; e André da Silva Moreira, pela
defesa de Alex Ribeiro Pereira.
Em seu depoimento, a major Sabrina
dos Santos contou que trabalhava com Lents no 12º Batalhão de Policia
Militar desde setembro deste ano. “Do portão para dentro do batalhão,
ele era um bom policial”, declarou. Ela disse, ainda, que não havia
competência hierárquica que justificasse a conduta do réu de mostrar a
casa da juíza Patricia Acioli aos policiais de outro batalhão. “Se ele
cumpriu ordem, mesmo que agindo erradamente, deveria ter comunicado o
fato ao seu superior hierárquico”, completou. O subtenente Avelino
Gonçalves destacou que, para um policial passar qualquer informação, ele
deve saber o motivo e a legalidade do ato. “Na nossa profissão, nós
temos que saber sempre o motivo das perguntas”, afirmou. O soldado
Uthant Leal contou que trabalhou com Lents na secretaria do batalhão e
Max Santos ressaltou que a “conduta do Handerson é exemplar”.
Em
continuação, o inspetor penitenciário David Eduardo Nunes Martins disse,
em seu depoimento, que conhecia a juíza Patricia Acioli desde dezembro
de 2010 e que manteve um relacionamento amoroso com a magistrada. “Na
verdade, meu relacionamento com a Patrícia foi de seis encontros,
praticamente, um mês”, lembrou. O depoente contou ainda que, no início
deste ano, dormiu na casa da juíza Patricia Acioli e que os dois foram
acordados pelo cabo Poubel, que invadiu a casa da magistrada e os rendeu
e agrediu por volta das 5h da manhã. A agressão teria resultado no
deslocamento do seu maxilar, fissura no nariz, roxidão nas costas e uma
costela quebrada, e a juíza Patrícia Acioli teria sofrido um corte
profundo no rosto e ficado com manchas roxas por todo o corpo. A família
do inspetor penitenciário teria ficado acuada e com medo pela atitude
do cabo Poubel e, em função disso, a magistrada teria feito uma
solicitação ao 7º BPM para que fosse realizado um patrulhamento em
frente à casa dele. Ainda de acordo com David Eduardo, desde este fato, a
juíza Patricia Acioli não entrou mais em contato com ele.
O
policial Rafael Paulino da Silva declarou que fez a transferência dos
acusados Daniel Santos Benitez Lopez, Sergio Costa Junior e Jeferson de
Araújo Miranda da Delegacia de Homicídios para o Batalhão Especial
Prisional (BEP) e que, no caminho, parou no Hospital Central da Policia
Militar porque “os três estavam visivelmente transtornados”. Segundo
ele, os acusados não revelaram terem sido pressionados para fazer
declarações sobre as investigações da morte da juíza Patricia Acioli.
O
último a prestar depoimento nesta quarta-feira foi o cabo André da
Silva Moreira, que afirmou que o réu Alex Ribeiro Pereira sempre
procurou atender a população da melhor forma possível e “sempre foi um
excelente policial”.
Os réus Cláudio Luiz Silva de Oliveira,
Daniel Santos Benitez Lopez, Sérgio Costa Junior, Jovanis Falcão Junior,
Jeferson de Araújo Miranda, Charles Azevedo Tavares, Alex Ribeiro
Pereira, Junior Cezar de Medeiros, Carlos Adílio Maciel dos Santos,
Sammy dos Santos Quintanilha e Handerson Lents Henriques da Silva
compareceram à audiência.