O futuro próximo pode guardar uma nova oportunidade para os pequenos e médios empresários do agronegócio. Nesse setor, o mercado brasileiro vem sendo dominado pela grandiosidade, tanto na extensão dos terrenos como nas cifras dos faturamentos das companhia do setor. No entanto, para Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), há espaço para o aperfeiçoamento de negócios menores no cenário nacional.
Ainda sem um valor exato a ser liberado em créditos para o agronegócio, Moreno afirma que este éumdos assuntos abordados pelo banco no momento. “Estamos conversando com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em torno desse tema”, comenta.
A própria América Latina já acumula horas nesse tipo de voo. “Na América Central já temos experiências bem sucedidas de programas de apoio financeiro aos pequenos produtores agrícolas”, afirma. “Há espaço, sem dúvida”
A expectativa de aumento nos preços dos alimentos é tida como a principal condição para evolução desse cenário, uma vez que possibilita maiores ganhos para os produtores. “Obviamente, com a alta de preços dos produtos básicos, como alimentos e minerais, os pequenos produtores precisarão de ajuda para se desenvolver”, diz. Atualmente cerca de 30% da população da América Latina vive no campo. O caminho, no entanto, não deve ser dos mais tranquilos. Além do enfrentamento das produções em larga escala, a capacitação, o acesso à tecnologia e ao financiamento ainda são gargalos para esse desenvolvimento. Mesmo com tantos obstáculos, Moreno entende que “dentro daAmérica Latina o Brasil é quem está em melhor situação”. Em especial pela força da Embrapa, que há muito rompe as fronteiras nacionais. “A Embrapa temumtrabalhomuito interessante. Em todo país que eu vou, todos querem ter uma experiência como a da Embrapa”, destaca o presidente do BID.
Histórico
Vista como uma possibilidade de melhorar o desenvolvimento dessas empresas, a atuação do BID nesse mercado de micro, pequenas e médias empresas vem por meio da iniciativa Oportunidades para a Maioria, criada há três anos. O programa já injetou mais de US$ 150 milhões no desenvolvimento de novos modelo de negócios.
Trata-se de concessão de crédito para empresas que de alguma forma estejam empenhadas na integração das classes mais pobres, que o BID chamou de “Bases da Pirâmide”. O órgão tem preocupação adicional com a melhora do padrão de vida e promoção da inclusão social.
“É muito importante pensar nos modelos de negócios inclusivos, por que eles são fundamentais”, sinaliza Moreno. “Nós temos uma grande experiência em desenvolvimento e devemos aproveitá-la”. Apesar de abranger toda a América Latina, no Brasil o programa deve ter foco direcionado aos setores de educação e saúde. “Os temas brasileiros são totalmente diferentes, pois a população daqui é a mais demandante em termos de consumo”, avalia.
Viagem
A participação de Moreno no segundo dia do “Fórum para o Desenvolvimento da Base da Pirâmide” foi curta. A rapidez se deveu ao encontro às pressasmarcado com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, cuja pauta não foi divulgada.
Colaborou Simone Cavalcanti