Empresas brasileiras “nascentes” – também conhecidas como startups –
com até cinco anos de mercado terão, a partir deste ano, a chance de
ganhar o apoio da gigante americana de tecnologia IBM para transformar
projetos inovadores em realidade. O Brasil entra no circuito do projeto
SmartCamp – em tradução aproximada, “acampamento de inteligência” -, que
premia companhias com ideias originais.
Segundo o vice-presidente de marketing da IBM, Mike Riegel, o
objetivo é promover soluções que ajudam a resolver problemas que afetem
um grande número de pessoas, como o atendimento à saúde e o trânsito. A
vencedora da etapa nacional, além de ter o projeto implementado, será
selecionada a participar da competição mundial, que escolherá o
“Empreendedor do Ano” entre projetos de 18 nações.
Riegel diz que a inclusão do País no rol de participantes neste
segundo ano de SmartCamp – ao lado da Alemanha e da China, que também
foram adicionados à competição – foi motivada pelo aumento do número de
empresas brasileiras de pequeno porte de perfil inovador. “O mercado de
private equity e venture capital (que aplica recursos em startups)
cresceu de US$ 6 bilhões em recursos para US$ 40 bilhões nos últimos
seis anos”, explica.
Vantagens. Durante o período da competição, as
companhias poderão receber usar ferramentas tecnológicas da IBM. A
gigante americana também ajudará os microempresários a traçar planos de
negócios mais claros antes da etapa final da competição nacional. Além
disso, o relacionamento com a IBM pode trazer visibilidade para o
projeto, o que pode atrair outros investidores de longo prazo. As
inscrições para o concurso devem ser feitas pela internet, e o prazo vai
até agosto. A empresa vencedora será escolhida em novembro.
A baiana Softwell recebeu R$ 1 milhão do braço de investimentos do
Banco Mundial depois de participar de um evento promovido pela IBM há
dois anos, antes da introdução do “acampamento de inteligência”. A
empresa, conhecida pela ferramenta Maker – que reduz a necessidade do
uso de códigos no desenvolvimento de softwares -, criou um sistema de
gestão de serviços de saúde que chamou a atenção do órgão internacional.
O Saúde Digital, já implantado pela Prefeitura de Feira de Santana
(BA), organiza a identificação do paciente – com leitura de impressão
digital -, armazena o histórico de tratamentos e faz a gestão do
atendimento nos hospitais e postos de saúde. Ao ser chamado, o cliente
vê em uma tela seu nome e fotografia. “Atraímos a atenção do Banco
Mundial em uma apresentação de 10 minutos”, lembra Wellington Freire,
presidente da Softwell.
Agora, a empresa – que deve faturar R$ 17 milhões este ano, contra R$
10 milhões em 2010 – investe suas fichas na organização do trânsito das
grandes cidades com um projeto atualmente em fase de testes em
Salvador, o TechBus. A Softwell criou uma ferramenta de gestão que
presta serviços tanto para empresas de ônibus quanto ao usuário.
O passageiro poderá receber informações sobre o quanto terá de
esperar pelo próximo coletivo pelo telefone celular. Além disso, os
ônibus virão equipados com rede wi-fi e monitores que darão informações
sobre a rota, incluindo pontos turísticos. Já as companhias vão receber
dados que ajudarão no gerenciamento da frota, como o fluxo de
passageiros em diferentes horários. O sistema rastreia os ônibus e
informa imediatamente qualquer desvio de rota. “Os ônibus terão câmeras,
que poderão identificar criminosos, criando uma ‘lista negra’.”
Com o projeto, a Softwell passa a competir no segmento do qual saiu o
vencedor global do SmartCamp no ano passado. A empresa StreetLine usa
sensores para informar motoristas, pelo celular, sobre as vagas de
estacionamento em determinadas regiões. “Boa parte do trânsito hoje é
causada por pessoas tentando estacionar”, diz Riegel, da IBM. Segundo
ele, a empresa se prepara para fazer um projeto piloto da StreetLine em
São Paulo.