A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, repercutiu de modo positivo entre os analistas de mercado, que consideram a decisão o início de um ciclo de aperto, suavizado pela adoção de medidas macroprudenciais.
Vários setores, como por exemplo, indústria, comércio e sindicatos, consideraram o aumento dos juros negativo para a economia. Vale lembrar também que essa elevação na taxa Selic era amplamente esperada pelo mercado.
Novos aumentos
A opinião geral é que a medida representa o início de um ciclo de alta dos juros com o intuito de trazer a inflação para um patamar mais próximo ao centro da meta, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 4,50% para 2011. Comentando o comunicado do Copom, os consultores da Rosenberg afirmam que “fica claro que mais aumentos virão”.
Entretanto, o tamanho desse aperto monetário não é consensual. Para o analista Alejandro Cuadrado, do Société Générale, o ciclo de aumento deve ficar em 1,50 ponto percentual, mesmo patamar indicado pelo analista Marcelo Salomon, do Barclays, e pela equipe de consultores da LCA, que esperam aumentos de 0,50 ponto percentual nas duas próximas reuniões do comitê.
Já os analistas da Ativa Corretora apostam numa política monetária mais austera, com um aperto monetário maior. “Esperamos um ciclo total de alta de 2,00 pontos percentuais”, afirmam.
Medidas macroprudenciais são destaque
O destaque dado pelo Copom no seu comunicado para as medidas macroprudenciais repercutiu entre analistas e consultores. A equipe da LCA estima que as medidas adotadas equivalem a uma alta de 0,75 ponto percentual da Selic.
Na mesma linha, o analista do Société Générale afirma que a ênfase dada para as medidas, “que podem ser reforçadas nos próximos meses”, indicam um viés menos agressivo para o aperto monetário e justificam a projeção de novas altas em 1,50 ponto percentual.
Na mesma linha, Salomon afirma que novas medidas para conter a expansão do crédito devem ser promovidas. Entretanto, a falta de informações significativas sobre os riscos do cenário de inflação, aliada à “menção explícita” das medidas macroprudenciais, “apoiam a visão de que a o banco central planeja combinar altas nas taxas com rodadas de ações macroprudenciais”, ressaltou o analista do Barclays.