A economia mundial está saindo de um período pós-crise e entrando em fase de recuperação e estabilidade, puxada pelos países emergentes. Mas, segundo relatório divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird), a escalada de preços nas nações em desenvolvimento e o risco da formação de bolhas advindas do forte fluxo financeiro em direção a esses países ainda preocupam.
Segundo o relatório Projeções Econômicas para 2011, a maioria dos países de baixa renda teve ganhos econômicos em 2010, com crescimento médio de 5,3% de seu Produto Interno Bruto (PIB). A expansão foi reforçada pela alta de preços de produtos básicos e do turismo. Mas esses mesmos fatores motivaram o banco a fazer um alerta em relação à inflação. “Os aumentos de dois dígitos nos preços de alimentos básicos nos últimos meses estão exercendo pressão nos domicílios em países que já sofrem um pesado ônus de pobreza e desnutrição”, observou o gerente de Macroeconomia Global do Grupo de Perspectivas de Economias em Desenvolvimento do Bird, Andrew Burns.
A estimativa é que a economia mundial cresça 3,3% em 2011 e 3,6% em2012, patamares um pouco inferiores aos estimados para 2010, de 3,9%. Os países em desenvolvimento deverão crescer 6% em 2011 e 6,1% em2012, contra 7% no ano passado. Eles guiarão a expansão dos países desenvolvidos, que devem ter crescido 2,8% em 2010, chegando a 2,4% neste ano e 2,7% em2012.
Embora a previsão seja de crescimento estável em 2012, a recuperação em muitas economias emergentes da Europa e da Ásia Central e de alguns países de alta renda é incerta.A avaliação é que, sem políticas domésticas corretivas, o alto endividamento das famílias e o desemprego, além do enfraquecimento do setor imobiliário e bancário, devem influenciar na recuperação.
América Latina e Caribe
Para os países da América Latina e do Caribe, o banco estima crescimento de 5,7% em 2010 e de 4% em 2011. Sem citar especificamente o Brasil, o banco alerta que vários países da região “estão sujeitos a fluxos internos de capital potencialmente desestabilizadores, os quais têm contribuído para o superaquecimento e a forte valorização da moeda”.
O Leste da Ásia e o Pacífico, para o Bird, lideraram a expansão mundial com crescimento estimado em 9,3% em 2010. O movimento foi capitaneado pela China, com expansão de 10%, e pelo aumento de 35% em suas importações. No restante da região, a alta média foi de 6,8%.
O Bird estima que os fluxos internacionais de capital e títulos para países emergentes aumentaram em 42% e 30%, respectivamente. Isso teria ajudado na recuperação, mas o banco ressalta que “fluxos excessivos para certas grandes economias de renda média podem trazer riscos e ameaçar a recuperação no médio prazo, especialmente se os valores da moeda aumentarem repentinamente ou se surgirem bolhas de ativos”.
Para o economista sênior do BES Investimento, Flavio Serrano, o problema que é muitos bancos centrais dos principais países emergentes terão que elevar os juros para contar a inflação: “Isso pode reduzir o ritmo do crescimento futuro desses países”, afirma.