Emergentes e pobres dizem que seu crescimento será prejudicado pela política de ajuste nas contas públicas das economias desenvolvidas
Países emergentes e pobres do Fundo Monetário Internacional (FMI), o chamado G-24, alertaram ontem para o risco de seu crescimento ser prejudicado pela política de ajuste nas contas públicas das economias desenvolvidas, porque isso reduzirá a expansão no mundo rico. Eles propõem a manutenção do gasto público e a contração da política monetária.
A grande expansão monetária nos países mais avançados, especialmente nos Estados Unidos, tem contribuído para um fluxo excessivo de capitais nas economias emergentes.
“A simultânea consolidação fiscal que está em curso em muitas economias desenvolvidas gera considerável risco de uma espiral decrescente do consumo. Com esse pano de fundo, aumentam os riscos hoje enfrentados pela economia mundial”, afirmou o G-24, referindo-se a possíveis quedas nas suas exportações.
A posição do G-24, do qual o Brasil faz parte, será reiterada amanhã durante a Assembleia Anual do FMI e do Banco Mundial. Um dos principais tópicos em discussão no Fundo será como alcançar uma solução coordenada para os atuais desequilíbrios na economia mundial. De um lado, há a migração de capitais para países emergentes com crescimento econômico mais expressivo e isso provoca a valorização de suas moedas, como o real. De outro, faltam investimentos para sustentar um ritmo mais acelerado na atividade de países desenvolvidos, ainda pressionados pelo amplo déficit fiscal.
“Diante disso, pedimos ao FMI que reforce o monitoramento dos fluxos de capital e considere opções para mitigar os riscos”, afirma o comunicado.
Mitigação. Entre as hipóteses de “mitigação de riscos” está a criação de uma regulação internacional sobre os fluxos de capital, conforme assinalou Rogério Studart, diretor executivo adjunto, pelo Brasil, do Banco Mundial. Falta explicar como se poderá realizar esse controle, porque nenhuma entidade internacional tem poderes para isso. A alternativa, segundo Studart, seria dotar o FMI de legitimidade para assumir essa tarefa. Essa discussão, entretanto, tenderia a se perder no tempo.
Em resposta à demanda de seus sócios mais pobres e dependentes das importações de alimentos, o G-24 apontou sua preocupação com o aumento nos preços das commodities agrícolas. Também enfatizou sua visão sobre a adaptação das novas regras para o setor financeiro às circunstâncias e necessidades das economias em desenvolvimento, nos quais o mercado e as condições de crédito são mais precários.