As negociações entre Brasil e Estados Unidos vão ser intensificadas a partir de amanhã (26). O subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado norte-americano, William Burns, passa o dia em Brasília para reuniões com autoridades brasileiras. Burns vem ao Brasil cinco dias antes da secretária de Estado, Hillary Clinton, se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima quarta-feira (3).
O subsecretário quer colher informações sobre as relações do governo do presidente Lula com parceiros, como Irã, Cuba, Venezuela e Bolívia. Os quatro países e os Estados Unidos mantêm relações conflituosas, sendo que iranianos e cubanos sofrem restrições políticas e econômicas por parte dos norte-americanos.
O governo do presidente Barack Obama, segundo diplomatas que acompanham as negociações, enviou mensagens reiterando a preocupação com a iniciativa do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de incluir no programa nuclear do país o enriquecimento de até 20% do urânio. Para os Estados Unidos, a decisão disfarçaria a produção de armas nucleares inclusive bombas.
Para o governo brasileiro, os iranianos têm o direito de desenvolver um programa nuclear próprio, desde que com fins pacíficos e sem ameaças ao desarmamento. O presidente Lula prega que a comunidade internacional deve agir para evitar o isolamento do Irã e por isso é favorável que a Organização das Nações Unidas (ONU) busque o diálogo com Ahmadinejad.
Com Cuba, o governo Obama sinaliza um esforço de reaproximação ao enviar parlamentares para Havana e indicar que pode vir a suspender o veto à participação cubana na Organização dos Estados Americanos (OEA). Porém, os norte-americanos sabem que sofrem duras críticas na América Latina capitaneadas pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e Bolívia, Evo Morales.
Nas conversas com Burns, a atuação brasileira em relação a Honduras deve entrar na pauta, uma vez que Lula defende a reaproximação, desde que preservados os direitos democráticos, assim como a visita do presidente a Israel e à Palestina – nos dias 15 a 17.
As viagens de Hillary e Burns antecedem a visita de Obama que deverá ocorrer até meados do segundo semestre deste ano. Diplomatas afirmam que o presidente norte-americano tem intenções de ampliar as relações com a América Latina, a partir dos contatos com o Brasil.