O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, alertou na sexta-feira sobre a necessidade de os bancos ficarem atentos à evolução do crédito no mercado doméstico, porque “é nos momentos de expansão que os problemas aparecem”. Meirelles fez a afirmação durante o 8º Seminário de Economia promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no qual também destacou as boas condições do sistema financeiro brasileiro.
Meirelles observou que o mais recente teste de estresse realizado pela instituição mostrou que, no caso de um choque severo no País, o sistema financeiro permanece com o Índice de Basileia acima de 11% do capital. Na pior das hipóteses, segundo ele, ficaria em 12%. Índice de Basileia é um indicador-chave da solvência de um banco. Ele mede a relação entre capital próprio e empréstimos. No caso brasileiro, o mínimo é de 11%, ou seja, um banco pode emprestar, no máximo, nove vezes o seu capital. Exemplo prático: se o patrimônio é de R$ 20 bilhões, a instituição pode conceder até R$ 180 bilhões em crédito.
“Isso mostra que o sistema financeiro está preparado para choques adversos”, afirmou o presidente do BC. Ainda assim é importante que se mantenha isso. Uma das conclusões a que se chega hoje é de que os problemas aparecem na expansão. Este é o momento em que todos devem estar em alerta.”
Meirelles destacou que as boas condições do sistema financeiro do Brasil vêm da combinação da estabilidade econômica, política monetária adequada, condução financeira rigorosa e supervisão financeira integrada. Além disso, os bancos têm bom provisionamento, com monitoramento diário de liquidez. Ele enfatizou o fato de o Brasil ter integradas a autoridade monetária e a autoridade reguladora. “Todos os 21 tipos de instituições financeiras são regulados pelo BC. Não existe assimetria de regulação, como em muitos países.”