O presidente do conselho de administração da BM&FBovespa e ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, também sócio da Gávea Investimentos, manifestou ontem preocupação com o crescimento do gasto público no País.
“Estou preocupado há muito tempo com a questão do gasto público e, em ano de eleição, vale a pena ficar de olho. Isso vai começar a pressionar o Banco Central. Na verdade, o Banco Central já sente essa pressão”, afirmou o executivo, na abertura do 4.º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão, interior de São Paulo.
Perguntado sobre quando o BC poderia começar a aumentar a taxa básica de juros (Selic) por causa dessa pressão, Fraga riu: “Sobre essas questões mais macroeconômicas prefiro não comentar”, disse.
Segundo ele, questões que tramitam no Congresso atualmente aumentam essa preocupação, como terminar com o fator previdenciário que, para ele, foi uma grande conquista e, eliminar a vinculação do salário mínimo com a Previdência. ”O crescimento do gasto público vai chegar a um limite, se é que já não chegou”, afirmou.
Sobre a autorização concedida hoje pela Commodity Features Trading Commission (CFTC), Fraga disse que esse é o primeiro passo para o acesso do investidor estrangeiro para negociação de contratos futuros no Brasil. Segundo ele, isso é diferente da autorização pleiteada há alguns anos pela BM&F ao BC, para que estrangeiros negociem no mercado futuro brasileiro mantendo as garantias no exterior.
Fraga afirmou que a BM&F continua discutindo outras possibilidades com o BC, pois a negociação com o depósito de margem no exterior requer uma mudança na legislação cambial. ”E o BC tem de olhar isso com cuidado”, disse.