O Santander anunciou ontem a criação de uma linha de crédito voltada ao financiamento de projetos que originem créditos de carbono. No valor de € 50 milhões, a linha já está disponível e será utilizada na compra, pelo banco, de créditos de carbono gerados por empresas no Brasil, no Chile e no México.
A ideia do Santander é acumular esses créditos em volume suficiente para que sejam revendidos a companhias europeias, especialmente do setor de geração de energia.
O lançamento é resultante do processo de união entre as operações de Santander e Banco Real, que já atuavam neste segmento de negócio, porém com operações distintas. Até então, os projetos vendedores de créditos de carbono só viam a cor do dinheiro no momento da entrega efetiva dos créditos, o que podia levar alguns anos. Com a nova linha, poderão receber no ato o pagamento por créditos que serão entregues no futuro, com prazo máximo até o final de 2012, quando vence o primeiro período do Protocolo de Kyoto.
Diante disso, somente os projetos registrados, ou em processo de validação, no chamado Mercado Kyoto é que poderão pleitear os recursos da linha de crédito, segundo explicou o superintendente responsável por créditos de carbono do Santander no Brasil, Maurik Jehee. O preço a ser pago irá depender do risco de cada projeto, que poderá ser calculado pelo próprio Santander ou por empresas de auditoria.
Segundo Jehee, isso coloca os projetos que já estão registrados em condições mais vantajosas, em termos de preço, para a venda de seus créditos.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os projetos registrados nos três países incluídos na linha de crédito do Santander somam hoje 307, sendo 159 no Brasil, 115 no México e 33 no Chile. Boa parte destes projetos são de empresas dos setores sucroalcooleiro e de energias renováveis, além dos aterros sanitários.
Maurik Jehee explicou que o crédito funciona, na prática, como um contrato de compra e venda. No caso de o vendedor não entregar os créditos na quantidade e prazo acordados, a diferença será cobrada pelo banco como um empréstimo tradicional, com juros em euro que devem girar entre 4% e 7% ao ano. Em um primeiro momento, somente as empresas clientes do Santander é que poderão participar.
O executivo esclareceu ainda que o valor de 50 milhões de euros é permanente, ou seja, assim que os créditos adquiridos pelo banco forem revendidos, o valor da transação será liberado para novas compras nos mercados brasileiro, chileno e mexicano. No caso de o montante adquirido pelo banco atingir os 50 milhões de euros antes da entrega aos europeus, há possibilidade de o teto ser aumentado.