O Brasil não detém mais a liderança no ranking mundial de juros desde a última reunião do Copom, em abril, quando a autoridade monetária reduziu a Selic em um ponto, para 10,25%. O próximo encontro do Comitê, na semana que vem, deve confirmar essa tendência, levar a taxa básica para o patamar histórico de um dígito e afastar ainda mais o país do primeiro posto.
A lista, elaborada pela Uptrend Consultoria Econômica apontava que no início de maio a liderança estava com a China, com juro real de 6,6%, calculado por meio da taxa nominal descontada a inflação projetada para os próximos doze meses. Em segundo lugar aparecia a Hungria, seguida pelo Brasil.
Hoje, a taxa real do Brasil já está na casa dos 5%. Para Tomás Goulart, economista da Modal Asset, o atual ciclo de queda se deve a questões tanto estruturais, como conjunturais – a crise. Mas ele vê “chances razoáveis” de o juro permanecer nos patamares baixos de agora.
Um entrave para novas quedas poderia ser os juros da caderneta de poupança. Para Rogério Oliveira, diretor de pesquisa quantitativa para mercados emergentes do Barclays Capital, já neste ano a poupança passa a ser mais atrativa. “Devemos observar migração”.
Ivan Dumont, diretor de tesouraria do Banco Alfa de investimentos acredita que a redução de 0,75 pontos no próximo Copom já leve a poupança para um ponto perto do chamado “break-even”, mas não acredita em fuga dos investimentos em renda fixa.
Ainda assim, José Marcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos acredita que o BC não deixará de diminuir os juros por conta de uma eventual competição entre os investimentos. “Cabe ao Banco Central fazer política monetária e ao governo solucionar esse problema”.
Para Jorge Simino, diretor da Fundação Cesp, essa discussão foi tomada de uma urgência que ele não vê necessária. “No meu cenário, que difere do consenso de mercado, a economia irá se recuperar mais fortemente no próximo ano e pode aparecer alguma inflação residual na margem. Não deve ser nada extremamente relevante, mas o BC pode voltar a subir a Selic no próximo ano”. Ele ainda pondera que se o objetivo é evitar que o público saia dos fundos, do ponto de vista lógico, antes de mexer na caderneta deveria estudar uma forma de manter os investidores na renda fixa.