A Polícia Federal (PF) esteve , ontem, nas sedes do banco Opportunity em São Paulo e no Rio de Janeiro para cumprir mandados de busca e apreensão vinculados a investigações da Operação Satiagraha. Segundo a PF, a busca tem como objetivo apreender os livros fiscais de registro obrigatório dessas empresas. Os mandados foram expedidos pelo juiz Fausto De Sanctis, da Sexta Vara Federal de São Paulo, após manifestação favorável do Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com o MPF, durante as investigações da Satiagraha foram encontrados indícios de que o Banco Opportunity estivesse ferindo o artigo 17, da Lei 7.492, de 1986, que proíbe empréstimos de dinheiro entre pessoas do mesmo grupo. Durante a investigação, foi pedido à defesa do banqueiro Daniel Dantas que fornecesse os contratos de financiamento do banco, mas o pedido, segundo o MPF, foi negado. Por isso, a PF solicitou a busca desses documentos à Justiça e a operação se deflagrou ontem.
“A apreensão de tais documentos fez-se necessária após surgimento de indícios de que as transferências de recursos entre as empresas do grupo, por meio de contratos de mútuo e de Adiantamento de Futuro Aumento de Capital (AFACs), poderiam estar relacionadas a práticas delituosas”, diz nota da PF.
Arbitrariedades
Por meio de nota, o advogado do Opportunity, Andrei Zenkner Schmidt, disse que a operação de busca e apreensão deflagrada pela PF na sede da empresa no Rio de Janeiro estava “impregnada de arbitrariedades”.
Segundo ele, o fato de ter sido executada no dia anterior ao feriado de Páscoa demonstra “o objetivo de dificultar a defesa”. Schmidt também reclamou do fato dessa busca ter sido deflagrada no mesmo dia em que o delegado Protógenes Queiroz — que deu início às investigações da Operação Satiagraha – estava prestando depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados.
“Os documentos que estão sendo buscados já haviam sido solicitados pela Polícia Federal. Na ocasião, a defesa recusou-se a entregá-los, porque já estavam à disposição da PF, desde a busca e apreensão ocorrida em julho do ano passado”, disse o advogado, na nota.
Em outra crítica, o advogado questionou os motivos que levaram a PF a fazer novas buscas na sede do grupo. “Ciente de que a Operação Satiagraha é nula em sua origem, tenta-se novamente acessar documentos para conferir nova aparência a uma prova antiga, já viciada.”
O advogado finaliza a nota afirmando que a defesa não vai medir esforços para demonstrar que houve “mais essa arbitrariedade” e voltou a alegar a inocência de seus clientes que são investigados na Operação Satiagraha.