Investidores pessoas físicas nos EUA despejaram perto de US$ 250 bilhões em contas bancárias nos primeiros meses deste ano, acelerando intensamente uma busca por segurança, à medida que continuavam fugindo de mercados acionários mais voláteis.
Os depósitos em contas de poupança bancárias cresceram em US$ 246 bilhões do início do ano até 9 de março, segundo informações do Federal Reserve (ou Fed, banco central dos EUA). A cifra é superior ao montante para todo o ano de 2008, que teve crescimento de US$ 229 bilhões nos depósitos das cadernetas de poupança.
A enorme precipitação na direção do dinheiro vivo acontece a despeito das recorrentes tentativas do governo de reiniciar os congelados mercados de renda fixa e de restaurar a confiança no sistema financeiro. Não está claro de onde vieram todos esses depósitos, mas nos dois primeiros meses deste ano os investidores sacaram US$ 20 bilhões de fundos mútuos de ações – quase metade do total de US$ 43 bilhões resgatado durante todo o ano de 2008 -, à medida que pareciam perder a confiança nos mercados de ações, segundo dados da Financial Research Corporation.
Durante as nove primeiras semanas deste ano, os investidores retiraram uma pequena quantia – US$ 15 bilhões – de certificados de depósito bancário com carência de resgate, numa aparente indicação de que estariam hesitando imobilizar dinheiro, mesmo para curtos períodos de tempo.
Charles Biderman, executivo-chefe do instituto de pesquisas TrimTabs, disse: “Os fluxos líquidos migraram para apenas dois lugares – poupança nos bancos e títulos do Tesouro dos EUA. Ambos… oferecem rentabilidade extremamente baixa aliada a um alto grau de segurança”. “Numa economia na qual os preços da renda variável caíram em cerca de 50% e os preços das moradias caíram aproximadamente 30%, resta alguma dúvida sobre o motivo de o dinheiro estar fluindo apenas na direção das apostas mais seguras?”
Historicamente, o dinheiro flui com maior intensidade na direção das contas bancárias quando os mercados acionários estão em queda. Em 2005 e 2006, quando as ações nos EUA subiram, os investidores particulares depositaram menos de US$ 100 bilhões em contas poupança e contas correntes a cada ano. O ano recorde anterior para uma alta nos depósitos nos bancos foi 2002, no rastro da expansão das pontocom, quando o volume de depósitos cresceu US$ 465 bilhões.
“Nos tempos difíceis as pessoas se preocupam com o retorno do principal, não com o retorno sobre o principal”, disse Biderman. À medida que os investidores pessoa física recorrem ao dinheiro vivo, gerentes de fundos de hedge vão fazendo grandes apostas no ouro, na crença de que as moedas de papel serão desvalorizadas.
O Fed monitora ativos mantidos em contas bancárias, não os ingressos efetivos. Num momento em que as taxas de juros das típicas contas poupança oscilam abaixo dos 2%, o crescimento nos depósitos – que incluem contas correntes – deve-se na sua vasta maioria a ingresso de dinheiro novo, em vez de retornos sobre os depósitos.