Uma plataforma de petróleo para a área do pré-sal teve sua construção suspensa e a montagem do financiamento de outras 11 sondas já licitadas teve atrasos por conta do aperto de crédito internacional. Os investimentos estimados nas 12 plataformas são de mais de US$ 8 bilhões.
Segundo o mercado, a norueguesa Scorpion rescindiu o contrato que havia firmado para a construção da plataforma semissubmersível de perfuração com o estaleiro Keppel Fels, em Cingapura. A plataforma seria alugada pela Petrobras. Procurado, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que não recebeu comunicado oficial da Scorpion. “A Petrobras não tem problemas de crédito para seus projetos, mas eu não sei como estão os meus fornecedores.”
Cassio Schmitt, responsável por financiamento de projetos do Santander, acredita que “os financiamentos atrasaram um pouco, mas devem sair em breve”. O banco, segundo ele, está participando da montagem de algumas dessas estruturas e a saída tem sido procurar principalmente as agências de crédito à exportação dos governos, as chamadas ECAs, do inglês Export Credit Agencies. “Os governos não têm interesse em manter seus estaleiros ociosos e podem apresentar alternativas interessantes de crédito”, afirma Barbassa, da Petrobras.
A ideia, segundo Schmitt, é usar o crédito combinado de diversas dessas agências no financiamento dos projetos e reduzir a necessidade de crédito bancário à menor parcela possível.
A Petrobras havia anunciado no início do ano passado que pretendia instalar 40 sondas na área do pré-sal da Bacia de Santos até 2017. Por conta da falta de estrutura da indústria naval nacional, as primeiras 12, com prazo de entrega até 2012, poderiam ser construídas fora do país. Em maio e junho, antes da quebra da Lehman Brothers secar completamente o mercado de crédito, houve a licitação para construir as 12 sondas que serão alugadas pela Petrobras. As vencedores foram a Odebrecht, a Schahin, a Delba, a Petroserv e a Etesco, além das empresas de capital norueguês Sevan Brasil e Scorpion. O afretamento da Scorpion para a Petrobras estava avaliado em US$ 1,1 bilhão e previa que a unidade fosse construída em até 42 meses a partir de março deste ano e entregue no fim de 2011. Neste ano, a Petrobras já cancelou a licitação para a P-61, que iria funcionar na Bacia de Campos, pois não aceitou as propostas. Outras 28 plataformas estão previstas para licitação em 2009.