STJ decide se vale intimação de advogado morto
23 de março de 2009Bens de Madoff
25 de março de 2009Estamos vivendo um momento de enormes problemas econômicos globais que não podem ser resolvidos por meias medidas ou pelos esforços isolados de um país. Os líderes do G-20 têm hoje a responsabilidade de realizar ações ousadas, abrangentes e coordenadas com o objetivo não apenas de impulsionar a recuperação, mas também inaugurar uma nova era de compromisso econômico para impedir que uma crise como esta volte a ocorrer no futuro.
Não se pode negar a urgência da ação. Uma crise de crédito e de confiança alastrou-se pelas fronteiras, com consequências para todos os cantos do mundo. Pela primeira vez em uma geração, a economia global está se contraindo e o comércio está encolhendo. Trilhões de dólares desapareceram, os bancos pararam de emprestar dinheiro e dezenas de milhões de pessoas deverão perder seus empregos em todo o globo. A prosperidade das nações está ameaçada, assim como a estabilidade dos governos e a sobrevivência dos povos nas partes mais vulneráveis do mundo.
Aprendemos, de uma vez por todas, que o sucesso da economia americana está indissoluvelmente ligado à economia global. Não existe uma linha de separação entre uma ação que restaura a expansão no interior das nossas fronteiras e uma ação que sustente essa expansão além delas. Se os consumidores de outros países não puderem gastar, os mercados secarão – vimos a maior queda das exportações americanas dos últimos 40 anos levar diretamente à perda de empregos americanos.
E se continuarmos permitindo que as instituições financeiras do mundo todo atuem de maneira temerária e irresponsável, ficaremos presos em um ciclo de bolhas e crises. É por isso que a cúpula que se realizará em Londres no início de abril é diretamente relevante para a recuperação do nosso país.
Minha mensagem é clara: os Estados Unidos estão prontos para liderar; pedimos aos nossos parceiros que cooperem conosco com um sentido de urgência e objetivo comuns.
Já foi feito um trabalho considerável, mas há ainda muito a fazer.
Nossa liderança se baseia em uma premissa simples: agiremos de maneira corajosa para tirar a economia americana da crise e reformar nossa estrutura reguladora e essas ações serão respaldadas por ações complementares no exterior.
Pelo nosso exemplo, os Estados Unidos poderão promover a recuperação global e a confiança em todo o mundo. E se a Cúpula de Londres contribuir para estimular a ação coletiva, poderemos chegar a uma recuperação segura, evitando assim crises futuras.
Nossos esforços precisam começar com uma ação rápida para reiniciar o crescimento. Os Estados Unidos já aprovaram a Lei de Recuperação e Reinvestimento – o esforço mais dramático para impulsionar a criação de empregos e lançar as bases do crescimento em uma geração. Outros membros do G-20 também buscaram um estímulo fiscal e esses esforços devem ser intensos e sustentados até que seja possível restaurar a demanda. À medida que avançarmos, deveremos adotar um compromisso coletivo para encorajar o comércio aberto e os investimentos, resistindo ao mesmo tempo ao protecionismo que só aprofundaria esta crise.
Em segundo lugar, devemos restaurar o crédito do qual dependem empresas e consumidores. Estamos trabalhando agressivamente no nosso país para estabilizar nosso sistema financeiro. Isso prevê uma avaliação honesta dos balanços dos nossos principais bancos e levará diretamente à concessão de empréstimos que permitam que os americanos adquiram bens, possam manter suas casas e expandir seus negócios. Esse processo continuará se amplificando pelas ações dos nossos parceiros do G-20. Juntos, poderemos adotar um arcabouço comum que insista na transparência, na responsabilidade e na preocupação com a restauração do fluxo de crédito que constitui a seiva de uma economia global em expansão. O G-20, ao lado de instituições multinacionais, poderá proporcionar o financiamento do comércio que contribui para aumentar as exportações e criar empregos.
Em terceiro lugar, temos a obrigação econômica e moral no que diz respeito à segurança de estender a mão aos países e aos povos que enfrentam o risco maior. Se lhes dermos as costas, o sofrimento causado por esta crise se agravará e nossa própria recuperação será retardada, porque os mercados dos nossos produtos encolherão ainda mais e outros empregos americanos se perderão. O G-20 deve oferecer rapidamente os recursos que servirão para estabilizar os mercados emergentes, impulsionar substancialmente a capacidade do Fundo Monetário Internacional (FMI) para emergências, e ajudar os bancos de desenvolvimento regional a acelerar os empréstimos. Ao mesmo tempo, os EUA financiarão novos e importantes investimentos na área de segurança dos alimentos que permitam aos mais pobres enfrentar os dias difíceis que virão.
Embora essas medidas possam nos ajudar a sair da crise, não devemos prever um retorno ao status quo. Devemos pôr um fim à especulação desenfreada e a gastos superiores aos nossos recursos, aos créditos podres, aos bancos excessivamente alavancados e à falta de supervisão que condena a todos a bolhas que inevitavelmente estourarão. Somente uma ação internacional coordenada poderá impedir a assunção irresponsável de riscos que causou a crise atual. Por isso, prometi aproveitar essa ocasião para adiantar as reformas abrangentes do nosso arcabouço regulador e supervisor.
Todas as nossas instituições financeiras – em Wall Street e no mundo – precisam de uma escrupulosa supervisão e das respectivas normas ditadas pelo senso comum. Todos os mercados devem ter normas de estabilidade e um mecanismo de transparência. Um forte arcabouço de exigências em matéria de capital protegerá contra as crises futuras. É preciso combater os paraísos fiscais no exterior e a lavagem de dinheiro.
Normas rigorosas de transparência e responsabilidade terão de conter os abusos e a época das remunerações astronômicas deve acabar. Em vez de esforços desiguais que fazem escorregar para o fundo, devemos proporcionar claros incentivos de bom comportamento que impulsionem para o topo.
Sei que os EUA carregam sua parcela de responsabilidade pelo caos que agora enfrentamos. Mas também sei que não temos de escolher entre um capitalismo caótico e impiedoso e uma economia dirigida por um governo opressor. Essa é uma falsa escolha que não serve ao nosso povo ou mesmo a povo nenhum.
Essa reunião do G-20 constitui um fórum para um novo tipo de cooperação econômica mundial. Este é o momento para, todos juntos, colaborarmos para restaurar o crescimento sustentado que só se tornará possível com mercados abertos e estáveis que exploram a inovação, sustentam o empreendedorismo e promovem as oportunidades.
Hoje, os interesses das nações estão totalmente entrelaçados. Os Estados Unidos estão prontos a aderir aos esforços globais em nome da criação de novos empregos e do crescimento sustentado. Juntos, poderemos aprender as lições desta crise e forjar uma prosperidade duradoura e garantida para o século 21.
*O presidente dos Estados Unidos escreveu este artigo para o Global Viewpoint