O plano do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, para consertar o sistema financeiro, carece de “detalhes essenciais”, anunciou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em uma crítica ao seu maior acionista. Em um relatório divulgado ontem, o Fundo informou que “maiores especificações serão necessárias para acalmar o desgastado sentimento do mercado.”
A crítica do organismo multilateral se une aos pedidos do governo Obama para que sejam logo anunciados programas, a fim de reavivar os mercados de crédito e ajudar os bancos a livrar seu balanço patrimonial dos ativos sem liquidez. O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, alertou os legisladores dos EUA no início da semana que era preciso maior urgência para alavancar o sistema financeiro.
“Detalhes vitais com relação a avaliação de ativos problemáticos continuam obscuros”, disse o FMI no relatório, preparado para uma reunião no início do mês de ministros das Finanças dos países do Grupo dos 20. “O plano também não especifica como ficará a situação dos bancos descapitalizados ou insolventes nem esclarece o papel do veículo que irá manter as ações preferencias do governo.”
O programa elaborado por Geithner possui três elementos básicos: injetar capital novo do governo em algumas das maiores instituições financeiras do país, estabelecer uma parceria público-privada para gerir até US$ 1 trilhão de ativos bancários podres e iniciar uma linha de crédito com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), de US$ 1 trilhão, a fim de promover o empréstimo para consumidores e empresas.
Prognósticos pessimistas
Em prognósticos atualizados, o FMI com sede em Washington disse que a economia global irá encolher em entre 0,5% e 1% este ano – a primeira vez em que o PIB mundial se contrai em 60 anos.
O Fundo também se focalizou no Banco Central Europeu (BCE), incitando que adote medidas mais eficientes para apoiar o crescimento. “Alguns bancos centrais, notadamente o BCE, ainda podem efetuar mais cortes, e devem fazê-lo”, enfatizou o relatório.
Nos Estados Unidos, a contração da atividade seria de 2,6%, e no Japão de 5,8%. Nos países emergentes e em desenvolvimento, a previsão de crescimento também foi diminuída: será apenas de entre 1,5% e 2,5%, com alertas para uma forte desaceleração no Brasil.