O Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) anunciou ontem a injeção extra de US$ 1 trilhão no mercado hipotecário e nos títulos de longo prazo do Tesouro para reanimar a economia. “As perdas de emprego, a piora da saúde dos setor imobiliário e de títulos e as escassas condições de crédito têm exercido um forte peso sobre o sentimento e os gastos do consumidor”, disse o Fed, acrescentando que “empregaria todas as ferramentas possíveis para promover a recuperação econômica e preservar a estabilidade dos preços”.
Como esperado, o Fed manteve a taxa básica de juros virtualmente em zero. Mas, de surpresa, aumentou dramaticamente a quantidade de dinheiro que criará do nada para destravar os ainda congelados mercados de crédito, que limitaram os empréstimos para os consumidores e companhias.
De fato, o efeito imediato sobre os mercados de títulos foi impressionante, com os preços aumentando e os rendimentos caindo acentuadamente por conta das notícias. O rendimento para os títulos de 30 anos do Tesouro, que eram de cerca de 3,75% antes do anúncio, caíram rapidamente para 3,4% e permaneceram voláteis. A medida também deu um impulso às ações. O índice Dow Jones fechou em alta de 1,23%.
O Fed disse que compraria mais US$ 750 bilhões em títulos lastreados por hipotecas garantidos pelo governo, além dos US$ 500 bilhões atualmente no processo de compra. Além disso, o Fed disse que compraria até US$ 300 bilhões em títulos de longo prazo do Tesouro durante os próximos seis meses, o que empurraria para baixo as taxas de juros de longo prazo sobre empréstimos de todos os tipos.
Todas as medidas do Fed viriam além do que já foi uma expansão sem precedentes de empréstimos por parte da instituição. Desde setembro último, a autoridade monetária quase dobrou o tamanho do seu balanço, de US$ 900 bilhões para quase US$ 2 trilhões – mesmo antes da ação de quarta-feira – principalmente com os esforços de salvar os mercados de crédito.
Apesar de alguns pouquíssimos dados econômicos encorajadores divulgados nas última semanas, funcionários do Fed não ficaram impressionados e permaneceram sem disposição para reduzir seus esforços de emergência. Os legisladores do Fed reduziram acentuadamente suas previsões econômicas em dezembro, prevendo que a economia continuaria a experimentar contrações acentuadas para o primeiro semestre de 2009, que o desemprego poderia se aproximar dos 9% até o final do ano e que havia pelo menos um pequeno risco de uma queda geral nos preços ao consumidor nos moldes da que o Japão experimentou por quase uma década.
Horas antes de o Fed anunciar sua decisão ontem, o Departamento de Trabalho informou que os preços ao consumidor subiram 0,4% em janeiro, o segundo aumento mensal consecutivo. As notícias deram um alívio em relação às preocupações com uma deflação, mas a maioria dos analistas ainda espera que os preços permaneçam quase invariáveis para o futuro.
O Federal Reserve reduziu drasticamente sua taxa de juros básica para virtualmente zero em dezembro, declarando que manteria a taxa nesse patamar por “algum tempo” e focando seus esforços adicionais para reanimar a economia. Em um sinal de que está ainda mais preocupado que na sua última reunião em janeiro, o Fed disse que manteria sua taxa básica de juros em virtualmente zero por “um período maior”.
A possibilidade de comprar títulos de longo prazo do Tesouro foi desprezada pela autoridade monetária no mês passado. Contudo, em seu comunicado ontem, os legisladores do Fed deram pouca explicação em relação à decisão de seguir em frente com as aquisições, dizendo apenas que a medida tinha a intenção de “melhorar as condições nos mercados de crédito privados”.