O Ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, recuou e passou a admitir que há “50% de chance” de a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre veículos ser prorrogada além de 31 de março. Na quarta-feira, ele divulgou nota oficial informando que o benefício não seria prorrogado. Ontem, ao comentar o assunto, defendeu a negociação da preservação de empregos em troca da continuação da desoneração. “Por enquanto, vai até 31 de março. O futuro a Deus pertence. A questão não é fazer o jogo do mercado. A decisão do governo é reduzir o tributo até 31 de março. É muito cedo para anunciar alguma decisão, se houver uma decisão”, afirmou o ministro.
No Palácio do Planalto, a opinião que prevalece continua sendo a de que, melhor do que exigir um compromisso formal das montadoras pela manutenção do nível de emprego, é o compromisso político de evitar demissões se as vendas estão se recuperando com a redução do tributo.
Ressaltando que estava dando sua opinião pessoal, o ministro do Desenvolvimento afirmou que poderia ser feito um compromisso de manter empregos em troca da prorrogação do benefício do IPI. Disse que nos acordos que participou quando trabalhava na indústria automobilística sempre havia esse compromisso de manutenção do emprego. “Não haveria problema. O risco, hoje, é muito menor, porque algumas empresas já chamaram trabalhadores para o turno do sábado.”
Na visão de Miguel Jorge, a indústria automobilística tem, atualmente, muito mais possibilidade de aceitar um acordo desse tipo do que há dois meses e meio, quando reduzimos o IPI. A insegurança era maior naqueles dias. “Seria absolutamente natural que o governo colocasse isso na mesa”, comentou.
O presidente da Anfavea, Jackson Schneider, disse que exigir manutenção de emprego para prorrogar o benefício do IPI é “mera especulação” e não comentava especulações. Limitou-se a afirmar que o setor trabalha com o fim do benefício em 31 de março. “Vamos ver o que o fim disso significa para cada produto e, daí, entender qual é o reflexo. Deve ter alguma queda.”
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, será novamente apresentado ao governo o pedido de exigir das indústrias que a prorrogação da redução do IPI sobre veículos seja condicionada à preservação dos empregos.
Miguel Jorge ponderou que , no tratamento dessa complexa questão, o governo tem de avaliar os resultados que a medida proporcionou nos empregos, na arrecadação de impostos, nas vendas e no impacto do segmento de autopeças para verificar se é importante que a desoneração continue. “A chance de o benefício ser prorrogado é de 50%, como tudo na vida”, disse.