Autoridades da União Europeia (UE) estão preocupadas com a possibilidade de que a queda da libra esterlina, que atingiu baixa recorde em relação ao euro, possa desestabilizar a economia britânica, segundo um documento preparado no mês passado, por integrantes da Comissão Europeia e do Ministério da Fazenda da UE.
A queda \”muito rápida\” da libra esterlina \”levanta dúvidas quanto à estabilidade financeira da economia britânica\”, informou o documento, que foi preparado antes da reunião do Grupo dos Sete principais países industrializados do mundo (G-7), realizada em 14 de fevereiro, em Roma, e obtido pela Bloomberg News. A fraqueza da moeda \”é uma fonte de preocupação para a zona do euro\”\’\’.
O relatório contradiz o argumento do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, segundo o qual a moeda enfraquecida mais ajuda do que atrapalha a economia. \”“Com a queda da libra esterlina, nós nos tornamos mais competitivos\”\’\’, disse Brown em 13 de fevereiro.
A queda da libra em relação ao euro nos últimos 12 meses, de 18%, também destaca a preocupação dos investidores com a saúde fiscal do Reino Unido, à medida que o governo aumenta o seu endividamento para financiar o socorro aos bancos. O governo assumiu passivos que podem chegar a 1,5 trilhão de libras (US$ 2,2 trilhões), na tentativa de apoiar o sistema financeiro e resgatar bancos, como o Lloyds Banking e o Royal Bank of Scotland. O documento, de uma página, circulou em uma reunião de autoridades da UE antes da reunião do G-7 em Roma. O documento também esboçou a posição da UE sobre o dólar, o iuan chinês e o iene japonês antes de discutir a libra.
O apoio manifesto do governo Obama a um \”“dólar forte\” é \”tranquilizador\”\’\’, diz o documento, que também defende uma \”valorização efetiva real e contínua\” do iuan contra o euro. As autoridades japonesas \”“não devem intervir para reverter a valorização passada do iene\”, diz o documento.
O documento sinaliza a preocupação dos responsáveis pelas políticas da Zona do Euro que a queda da libra esterlina se reflita no aprofundamento da recessão da economia do bloco de 16 nações, ao minar as exportações desse conjunto para o seu maior parceiro comercial.
As autoridades da região estão preocupadas com a volatilidade cambial mundial, que poderia criar desordem nos mercados e desestabilizar suas economias.
\”Volatilidade excepcionalmente alta e movimentos acentuados sem precedentes no mercado cambial podem ter implicações adversas para a estabilidade econômica e financeira e são particularmente indesejados no atual ambiente econômico\”, diz a versão preliminar do documento. \”Em um contexto de baixa inflação em todas as principais economias, qualquer grande movimento se traduzirá em grandes oscilações na taxa real de câmbio, que poderia levar a distorções na competição.\”