A criação de um fundo global de US$ 25 bilhões para financiar exportações está sendo estudada e pode ser anunciada no encontro do G-20 em abril, em Londres, que reunirá os líderes de economias que representam 90% de toda a produção mundial.
Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), disse que a entidade trabalha com o Banco Mundial e com Fundo Monetário Internacional (FMI) para criar esse fundo de liquidez para financiamento de 180 dias, com enorme efeito multiplicador no comércio.
\”Espero que países com capacidade de contribuir com essa iniciativa o façam o mais rápido possível\”, disse Lamy. Países como Japão, China, Reino Unido, Canadá e a União Europeia (esta por meio do Banco Europeu de Investimentos, BEI) demonstraram interesse em apoiar o fundo.
Lamy argumenta que o comércio mundial está declinando como resultado de uma menor demanda, mas também por falta de financiamento ao comércio. As exportações se deterioraram \”severamente\” nos últimos seis meses, e \”provavelmente vão se deteriorar mais nos próximos meses\”. Analistas preveem contração de pelo menos 4% nas trocas globais neste ano.
Grandes exportadores, como Alemanha, China, Japão e Coreia do Sul, registram quedas recordes em suas exportações, provocando ondas de demissões e insolvências de empresas, ao mesmo tempo em que contraem as importações.
Inicialmente, as organizações internacionais procuraram responder ao aperto de liquidez fornecendo garantias às exportações. O IFC, subsidiária do Banco Mundial, triplicou as suas garantias. Bancos regionais também agiram. Mas, três meses depois, o problema persiste e a falta de liquidez continua.
Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, estima que a falta de financiamento já represente até 15% no declínio do comércio internacional. Isso teria piorado com as exigências do Acordo de Basiléia 2, que teria tripli-cado o montante de capital necessário para os paises fornecerem financiamento ao comércio.
Ou seja, ao mesmo tempo em que as autoridades internacionais querem estimular o financiamento ao comércio internacional, também estudam regulações drásticas que afetam o capital dos bancos. E esse é um problema a ser resolvido antes do encontro de abril do G-20.
O aporte para o fundo virá de bancos privados e de governos. Sua concepção tem semelhança com uma ideia recentemente lançada por Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em encontro de banqueiros em Zurique.
Coutinho sugeriu a criação de um fundo de garantia de risco de credito, para dar mais confiança para os bancos operarem esses recursos. De um lado, haveria o compartilhamento do risco. De outro, os bancos privados teriam a obrigação de repassar o dinheiro ao setor privado
Zoellick confirmou que, de acordo com a ideia em gestação, o Banco Mundial garantiria a parte de maior risco dos financiamento ao comércio, enquanto os bancos privados garantiriam a parte com menor risco.