Um grupo de 45 escritórios de advocacia de 25 países representando milhares de vítimas de Bernard Madoff pediu a criação de um tribunal especial. “Temos de encontrar uma resposta mundial para um problema mundial”, destacou em entrevista coletiva Javier Cremades, um advogado espanhol que preside esta “aliança internacional” criada em fevereiro em Madri. “A dimensão da fraude, sua amplitude geográfica, e o número e a quantidade de indivíduos e instituições afetados evidenciam a necessidade de instaurar um tribunal financeiro internacional”, declarou o presidente da associação de advogados.
O jurista espanhol informou que a aliança entrou em contato com os governos do G20 para promover a ideia de um tribunal eventualmente ligado às Nações Unidas.
Os advogados da aliança devem se encontrar hoje com dirigentes da SEC, o órgão de regulação da Bolsa americana, e com membros das comissões financeiras do Congresso em Washington. O grupo vai, ainda, elaborar propostas de defesa e devem apresentar novos dados sobre a fraude cometida pelo financista. Além disso, importantes desdobramentos são aguardados para esta semana.
O gestor de fundos americanos foi intimado a comparecer duas vezes ao tribunal de Manhattan encarregado do caso. Uma audiência nesta terça-feira será dedicada ao advogado Ira Lee Sorkin, que tem alguns membros de sua família na lista das vítimas de Madoff. Na quinta-feira, o gestor de fundos será oficialmente processado.
Aliança
No dia 17 de fevereiro, foi criado o grupo de escritórios. A aliança internacional visa trabalhar nos processos judiciais em defesa das pessoas prejudicadas pela gigantesca fraude relacionada a Bernard Madoff.
O grupo – que reúne 5 mil advogados de países como Estados Unidos, França e Brasil – tem como um dos principais objetivos a troca de informações e o recolhimento de dados. As bancas acreditam que o processo deva movimentar até 22 mil casos em todo o mundo.
Detido em 11 de dezembro de 2008, Bernard Madoff, 70 anos, é acusado de montar um esquema de fraude de U$ 50 bilhões. O financista, que está atualmente sob prisão domiciliar em seu luxuoso apartamento de Manhattan, pagou U$ 10 milhões de fiança para permanecer em prisão domiciliar, mas ele é vigiado 24 horas por dia.