O aumento do índice de desemprego, consequência dos impactos da crise financeira mundial, está refletindo na inadimplência com cheques no Brasil que, historicamente, é uma das mais baixas do mercado. Pesquisa da Serasa Experian mostra que no primeiro bimestre deste ano o volume de cheques devolvidos subiu 19,7% ante igual intervalo de 2008. No período, para cada 1 mil cheques compensados 23,1 foram devolvidos, ante 19,3 do primeiro bimestre de 2008. O assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, diz que esse é o maior patamar na análise histórica bimestral, iniciada em 1991.
Conforme Almeida, além do desemprego, contribuíram para a elevação o maior endividamento da população e as despesas sazonais típicas do início do ano, como o vencimento de alguns impostos e de outras obrigações que pressionam os orçamentos familiares. No primeiro bimestre, foram devolvidos 4,6 milhões de cheques no País e 199,37 milhões foram compensados. Na mesma fase do ano passado, as compensações atingiram 242,35 milhões, enquanto as devoluções somaram 4,67 milhões.
“O volume de compensações caiu (em virtude da popularização de outros meios de pagamentos, como cartões de débito e crédito), mas o de cheques devolvidos não mudou muito.” Almeida acredita que neste primeiro semestre o cenário ainda será crítico em relação à inadimplência, uma vez que, sazonalmente, março reflete o maior endividamento do início do ano e em maio tem as compras do Dia das Mães. Em fevereiro foram devolvidos 23,2 cheques a cada 1 mil compensados, alta de 19% ante mês idêntico de 2008 e de 1,3% em relação a janeiro último. No total, 2,19 milhões de cheques foram devolvidos no mês passado e 94,39 milhões foram compensados. Em fevereiro de 2008, as compensações somaram 113,97 milhões e as devoluções por falta de fundos, 2,23 milhões. Em janeiro de 2009, as compensações totalizaram 104,98 milhões e as devoluções, 2,41 milhões.
Um outro estudo – da Telecheque – realizado com 822 consumidores no mesmo período do ano mostra que a inadimplência aumentou mais na população de maior renda, em relação a igual fase de 2008. “O perfil do inadimplente que teve maior crescimento (182,89%) foi o dos consumidores com rendimento superior a R$ 2.491,00”, segundo nota.