O sistema bancário vai ser reformado porque existe no momento pressão política dos governos para que isso aconteça, segundo o vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky. “O mais importante de se perceber é que há uma real pressão política para ações de reforma do sistema financeiro em um sentido amplo”, disse ontem Lipsky.
No seu discurso de quarta-feira , o presidente francês, Nicolas Sarkozy, cobrou de forma muito dura a conclusão do projeto de reforma bancária tocada por instituições multilaterais.
A pressão política, porém, está criando uma tensão entre as propostas encaminhadas conjuntamente pelos países do G-20 por meio do Fórum de Estabilidade Financeira, Banco para Compensações Internacionais (BIS) e FMI, de um lado, e as iniciativas individuais dos países.
A mais polêmica delas, que está provocando divisões de opinião muito fortes em Davos, são as novas propostas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que incluem limitação do tamanho dos bancos e restrições a que tenham ligações com fundos de hedge (especulativos) ou façam operações de tesouraria com recursos próprios.
Charles Dallara, secretário-geral do Instituto Internacional de Finanças (IIF), considera que a iniciativa de Obama é “unilateral”. Como estivesse se dirigindo diretamente a Obama, ele atacou: “Use as instituições que o senhor mesmo criou, senhor presidente; o senhor foi o anfitrião da reunião do G-20 em Pittsburgh, o senhor estabeleceu as diretrizes, não fomos nós; o senhor e o sr. Sarkozy, o sr. Brown (Gordon Brown, primeiro-ministro britânico) e outros chefes de Estado pavimentaram o caminho, e nós seguimos atrás”.
Segundo Dallara, é preciso evitar a fragmentação da regulação bancária, que faria o risco sair das instituições mais reguladas para as menos. “Precisamos fazer isso de forma coordenada.”