A ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa citou em depoimento à Justiça Federal do Paraná nesta terça-feira uma reunião entre Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e funcionários da Petrobras como exemplo da atuação do cartel de empreiteiras. A Abemi reúne empreiteras acusdas de participar do petrolão.
A geóloga foi uma das cinco testemunhas de acusação interrogadas em ação penal movida pelo Ministério Público Federal contra executivos da construtora Engevix, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Como revelou VEJA, Venina confirmou que enviou e-mail para o ex-diretor, em que se dizia insatisfeita por ter visto “situações difíceis” com possibilidade de “ir contra o Código de Ética” da empresa. Ao ser indagada se percebeu a atuação de um cartel da Petrobras, a ex-subordinada de Costa relatou que em julho de 2009 soube de uma reunião entre representantes de empreiteiras e advogados da Petrobras para discutir aditivos de contratos.
O encontro foi registrado em ata e comunicado pelo então gerente-jurídico de Abastecimento Fernando de Castro Sá. Segundo Venina, “havia uma ata onde era solicitado que empresas da Abemi fizessem pedidos de aditivos de forma mais clara e organizada”. Ainda de acordo com a ex-gerente, a situação foi comunicada ao gerente-jurídico da estatal, Nilton Maia. “Maia criou uma sindicância e esse gerente-jurídico foi afastado de suas funções”, afirmou Venina.
De acordo com a depoente, além da ata, havia outros documentos que indicavam a atuação de um cartel na Petrobras.
Advogados de empreiteiras tentaram estimular Venina a falar sobre a interferência política na estatal. Em determinado momento, um defensor chegou a perguntar se Costa “se vangloriava” de seu poder a colegas. A pergunta foi indeferida pelo juiz Sérgio Moro. A geóloga chegou e deixou a Justiça Federal do Paraná escondida em um táxi. Ela ainda será ouvida em outras duas ações penais, na quinta e na sexta-feira, e prestará novo depoimento na semana que vem.
Duque – Ao ser questionada sobre a progressiva elevação do custo da refinaria de Abreu e Lima, Venina responsabilizou a diretoria de Serviços, então comandada por Renato Duque, o afilhado do ex-ministro José Dirceu na estatal. Segundo ela, o ex-diretor “tomou para ele a questão do cronograma e a execução”.