Vencedora da licitação sob suspeita de fraude para a construção de um anexo ao prédio do Tribunal de Contas do Paraná (TC), no Centro Cívico, em Curitiba, a empresa Sial Engenharia e Construção mantém – e manteve – diversos outros contratos com o poder público no Paraná e em todo o país. Os contratos milionários envolvem obras da Copa do Mundo, reformas de prédios e construções de hospitais e penitenciárias.
Proprietário da construtora, o empresário Edenilso Rossi foi preso na sede da empresa, na última quarta-feira, quando entregava R$ 200 mil ao coordenador-geral do TC, Luiz Bernardo Dias Costa, que participa da Câmara Temática da Transparência da Copa do Mundo como representante do tribunal. O dinheiro seria o pagamento de propina para que Costa fraudasse, em favor da Sial, a licitação da obra de construção do novo anexo no TC, orçada em R$ 36,4 milhões.
Além do contrato com o TC, a empreiteira é responsável por duas das principais obras da Copa em Curitiba. Uma delas, a revitalização da Rodoferroviária, foi inaugurada há cerca de duas semanas a um custo de R$ 46 milhões. Já nas obras – ainda em andamento – de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, a Sial atua em um consórcio com mais duas empresas. Os serviços no terminal aeroportuário estão calculados em R$ 246,7 milhões.
Vários governos
De 2004 até agora, a Sial recebeu R$ 28 milhões da União por serviços que incluíram a construção da sede regional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Brasília e de delegacias da Polícia Federal em Foz do Iguaçu e em Dourados (MS). Já o governo do Paraná, desde 2007, pagou à empreiteira R$ 25 milhões pela construção de hospitais, quadras esportivas e penitenciárias. Em 2004, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) repassou R$ 1,6 milhão à empresa para ampliação de fóruns pelo estado.
No site da construtora, a Sial destaca que também está trabalhando em duas obras para a prefeitura de Curitiba, no Clube da Gente do Tatuquara e na Rua da Cidadania do Cajuru, e também em uma Unidade de Pronto Atendimento de São José dos Pinhais. A Sial ressalta ainda que já concluiu a construção do Hospital do Idoso Zilda Arns, em Curitiba, do Hospital Municipal de Araucária e do Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá; a reforma e ampliação do Museu de Arte do Paraná, também na capital; e obras no aeroporto de Joinville.
Doações eleitorais
Além disso, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Sial doou R$ 358 mil para campanhas eleitorais no Paraná desde a eleição de 2004.
No total, seis pessoas foram presas
Diego Ribeiro, Felippe Aníbal e Taiana Bubniak
No total, seis pessoas estão presas acusadas de participar da fraude na concorrência pública de R$ 36,4 milhões para a construção de um novo anexo do Tribunal de Contas do Paraná (TC), no Centro Cívico, em Curitiba. Além do coordenador-geral do TC, Luiz Bernardo Dias Costa, e do empresário Edenilso Rossi, proprietário da construtora Sial Engenharia e Construção, também foram presos um filho de Rossi, um funcionário do departamento financeiro da Sial, o ex-deputado estadual e ex-funcionário do TC David Cheriegate, e uma pessoa que teria vínculo com Cheriegate.
O Gaeco, órgão vinculado ao Ministério Público do Paraná que efetuou as prisões, diz que não pode fornecer informações porque o caso está sob sigilo de Justiça. Porém, o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, afirmou que não há outros mandatos de prisão a serem executados.
O Gaeco investiga a suposta fraude na licitação, que teria ocorrido para beneficiar a construtora Sial. As investigações eram feitas há três meses. Costa foi preso em flagrante após receber R$ 200 mil em maços de dinheiro. O empresário Edenilso Rossi teria sido quem repassou o dinheiro a Costa.
Além das prisões, policiais e promotores do Gaeco estiveram no prédio do Tribunal de Contas, onde cumpriram mandados de busca e apreensão. Foram recolhidos documentos da coordenadoria-geral – setor onde Costa estava lotado – e do departamento de licitações do TC.
Outro lado
Desde que as prisões foram feitas, a reportagem tem tentado localizar os advogados de defesa de todos os envolvidos, além de representantes da construtora Sial. Somente o advogado de Costa, Roberto Brzezinski, atendeu. Ontem, Brzezinski disse que ainda está se inteirando da situação para se manifestar.