Valtenir refuga candidatura a vice e diz que desafia “máquinas”

O prefeito Wilson Santos, do PSDB, candidato a reeleição, acordou nesta quarta-feira com sua “jogada de mestre” desfeita: o deputado federal Valtenir Pereira agradeceu o convite para ser candidato a vice, mas preferiu seguir com seu projeto político de ser candidato a prefeito. Ou seja: será adversário do próprio Wilson Santos, mesmo com uma diferença considerável nas pesquisas sobre intenções de votos. A manutenção do projeto dá garantias, por outro lado, de que a eleição em Cuiabá, com quantro candidatos, caminha, de fato, para o segundo turno. Mais que recusar o convite, Pereira prometeu uma campanha cheia de adrenalina. Afirmou, por exemplo, que vai participar do processo eleitoral com garra e disposição. Assumiu o desafio: “Vou enfrentar a máquina do Governo, a máquina da Prefeitura e a máquina da Assembléia Legislativa” – disse o parlamentar, quarto colocado nas intenções de votos, ao se referir aos candidatos Mauro Mendes, do PR, apoiado por Blairo Maggi; Wilson Santos, do PSDB, prefeito à reeleição; e, Walter Rabello, do PP, que tem o apoio do deputado José Riva.
A rigor, a decisão do deputado causou surpresa: era dada como certa sua adesão a Wilson Santos, mesmo que isso significasse uma mudança de postura, já que quando era vereador se colocou sempre como oposição ao prefeito. Mas, Valtenir não inovou muito no discurso: “Minha candidatura é fruto de uma aspiração popular” – disse, seguindo uma velha fórmula de superdimensionar suas relações eleitorais. Pereira relatou que conversou nesses quatro, cinco dias “com as bases” e elas foram definitivas na sua decisão. Resultado: ao anunciar a decisão, acabou sendo ovacionado pelos correligionários e amigos. Até a mãe do parlamentar chorou.
Valtenir usou o convite de Wilson Santos para ser o vice para construir um ambiente mais favorável à sua candidatura. Andou por tudo que foi lado e chegou até a direção nacional do PSB, onde ganhou “carta branca” para decidir. Jogo cena! Tucanos mais experientes achavam que Pereira iria, de fato, valorizar ao máximo. Pode ter conseguido seu objetivo. Santos, inclusive, foi alertado pelos aliados sobre as reais intenções de Pereira. O convite puro e simples com o futuro indicado para dois anos como prefeito de Cuiabá, em caso de reeleição, foi aquém do esperado. Pereira esperava mais.
O próprio Pereira admite que jogou com o convite, ao admitir que o assunto vice deu, de fato, novo ânimo para o PSB. Um pouco contraditório, frisou que o partido passou a ser valorizado e ganhou mais expressão. Não olhou, evidentemente, as intenções de Santos, que era de suprimir uma candidatura que pode ser decisiva para levar a eleição para um novo turno. Entusiasmado, Valtenir Pereira se diz otimista. Disse que pretende levar sua campanha em ritmo franciscano, qual seja, sem recursos financeiros que possam promovê-lo junto aos eleitores. “Voto não tem preço” – disse, com efeito. “O povo quer proposta”. Sem dinheiro, sem também propaganda eleitoral no rádio e televisão capazes de apresentá-lo de forma mais contundente. Pelo PSB deve agregar de dois a três minutos a mais que a divisão de tempo entre os candidatos. As alianças “nanicas” devem colocar mais um minuto. Pereira anunciou que pretende fechar com os “nanicos” PCdoB, PSTU e PV. Fora isso, mais um ou outro. Como não poderia deixar de ser, mesmo que de forma surrealista, Pereira ainda acha que vai para o segundo turno. “Farei uma campanha propositiva, mas vou respostar a todos os ataques que sofrer” – disse. Atualizada às 11h22