Cada vez mais preocupados com o visual, os homens, que comemoram hoje o seu dia no Brasil, impulsionam a indústria nacional da beleza, que vai da fabricação de xampus, cremes e perfumes à produção de suplementos alimentares, passando pela multiplicação das academias. A elevação dos gastos com cuidados pessoais dos integrantes do clube do bolinha já mudou o significado do Dia dos Pais para alguns setores do comércio, como o de cosméticos, que antes pouco faturavam com a data e agora contabilizam vendas próximas às do Dia das Mães. Esse nicho de mercado também inspirou a criação de um site brasileiro especializado na comercialização de produtos de beleza masculinos, cujo faturamento ao fim de 2014 deve ser multiplicado em mais de três vezes.
Leandro Grespan é sócio-fundador do Men’s Market, e-commerce de produtos cosméticos voltados ao público masculino, fundado em 2012, e que começou a rodar na prática no ano passado. Ele conta que planeja expandir sua base de clientes, que já conta mais 10 mil usuários ativos, para alcançar a meta de faturamento deste ano, estabelecida entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões. Em 2013, as vendas ficaram na casa dos R$ 2 milhões. “Nascemos para explorar uma falha de mercado que ninguém supria de forma aceitável: a demanda masculina por produtos de beleza. Percebemos que cada marca tinha uma linha de produtos, mas o esforço de vendas, no geral, era muito mais canalizado para o público feminino. Por isso fizemos um apanhado de todas as marcas”, diz.
Tudo começou com os finalizadores de cabelo (ceras). Em seguida, o portfólio começou a crescer por causa da demanda dos clientes. Hoje, é possível encontrar no e-commerce 1,5 mil itens de 60 marcas nacionais e internacionais. São nada menos do que 5 mil produtos vendidos mensalmente pela web. No fim do ano passado, a empresa recebeu um aporte de R$ 3 milhões do investidor holandês Kees Koolen, fundador do booking.com, site de reservas on-line para hotéis. A última novidade é o fechamento de uma parceria com a marca alemã Alva, para a comercialização de sua linha masculina no Brasil.
A demanda também vai de vento em popa em lojas físicas. Consumidores de maior poder aquisitivo e da classe média em ascenção movimentam esse mercado. Fábio Attie é dono de 13 franquias da marca O Boticário em bairros da Região Norte da capital, como Venda Nova, Planalto, Jaraguá, Céu Azul, Guarani Itapõa e Serra Verde, e também em cidades da Grande BH, como Sabará, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. “O consumo de produtos para homens está cada vez melhor”, explica. De acordo com ele, desde 2011 as vendas crescem 20% ao ano, a tal ponto que o Dia dos Pais, que antes era um período de vendas sem maiores atrativos em suas lojas, está chegando bem perto do Dia das Mães.
No foco dos mais exigentes
A vaidade masculina, que já emprestou aos homens que gostam de se cuidar o apelido de metrossexuais, agora vê surgir uma nova categoria de homens, os spornossexuais, jovens de abdomens sarados e corpos tatuados, cabelos e pele bem tratados. A redefinição da identidade masculina também é obra do jornalista inglês Mark Simpson, que criou o termo metrossexual.
O empresário Pedro de Teixeira, de 21 anos, conta que ficou vaidoso há dois anos. Foi nessa época que ele passou a se dedicar mais à musculação, a consumir suplementos alimentares e a se inteirar sobre as tendências da moda, passando a usar roupas de boas marcas não só fins de semana, mas também nos dias úteis. “Ser igual a todo mundo é fácil, o legal é ser diferente”, justifica. Pedro tem três perfumes, faz progressiva pelo menos uma vez ao mês e chega a passar base no rosto de vez em quando. Gasta mensalmente de R$ 300 a R$ 400 com esses cuidados, além de cerca de R$ 700 com suplementos e de, no mínimo R$ 500, com roupas. “Tudo isso incentiva você a se sentir melhor e mais autoconfiante.”
De acordo com Mayane Soares, analista de mercado da consultoria Nielsen, os homens também estão exigindo produtos com benefícios agregados e isso impulsiona ramos importantes da indústria de beleza e higiene. “As tecnologias estão cada vez mais avançadas e o varejo tem dado cada vez mais espaço a esse consumidor”, resume.