A ampliação do fundo de resgate da União Europeia, a redução da dívida grega e a capitalização dos bancos da zona do euro estão entre as medidas previstas em um novo pacote que está em estudo pela União Europeia para lidar com a crise do euro. O comissário para Assuntos Econômicos e Monetários da União Europeia, Olli Rehn, admitiu em comunicado na edição eletrônica do jornal alemão Die Welt que o plano está em estudo, mas não detalhou de quanto seria o aumento para fundo de resgate da União Europeia, hoje em € 440 bilhões. Segundo fontes ouvidas pelo correspondente econômico da BBC Robert Peston, o fundo poderá ser ampliado para € 2 trilhões.
Outro ponto que o novo pacote prevê é a redução de até 50% na dívida grega. Há temores de que uma falência da Grécia contamine os demais países da União Europeia, que detêm títulos da dívida grega. Sobre a Grécia, Rehn afirmou que ela não pode e não vai cair em insolvência. “Embora agora tenha chegado o momento da verdade para o país e esta é a última chance para evitar o colapso da economia grega”, advertiu.
O novo plano de resgate também prevê ajuda financeira aos bancos da zona do euro. Para que isso seja viável, seria permitido que o Banco Central Europeu facilite empréstimos junto ao Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, em inglês). O fundo assumiria o maior risco, o de emprestar aos países com dificuldades e, dessa forma, reduzir os riscos para o Banco Central Europeu.
O comissário da UE reforçou a necessidade de recapitalização das instituições financeiras para evitar uma nova crise bancária na Europa. “Seria muito difícil evitar o contágio. A riqueza da Alemanha é baseada em um euro estável e em membros estáveis”, ressaltou. “A crise atual é uma combinação de uma grave crise da dívida pública e de debilidades do sistema bancário. Você não pode resolver um sem o outro”, resumiu. A expectativa é que o plano seja colocado em prática dentro de cinco ou seis semanas.
Na França, Lula afirma que falta de ação política de líderes piora crise
A falta de ação política concreta dos países líderes da União Europeia e do G-20 está agravando a crise internacional. A análise foi feita ontem por Luiz Inácio Lula da Silva, horas após se encontrar com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, em Paris. Segundo o ex-chefe de Estado brasileiro, a crise das dívidas soberanas exige decisões políticas fortes que não estão sendo tomadas. Lula foi recebido com honras de chefe de Estado no Palácio do Eliseu.
Segundo Lula, os analistas mais importantes preveem agravamento da crise, e para impedi-lo é necessária iniciativa política. Para o ex-presidente, toda União Europeia está a perigo em razão da crise de credibilidade na zona do euro. Sem citar nomes, Lula insinuou que há falta de solidariedade entre alguns líderes políticos do bloco em relação aos países em crise. Crítica semelhante é feita na Europa contra a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “A construção da União Europeia é um patrimônio da humanidade. Isso teve um custo, muito investimento, e não se pode permitir que se destrua um patrimônio construído ao longo de 50 anos”, disse.
Zapatero marca data para eleição e não descarta novas medidas no país
O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou que as eleições gerais no país serão realizadas no dia 20 de novembro e que seu gabinete pode ainda adotar novas medidas para impulsionar a economia antes da votação. Ele afirmou, no entanto, que não vê a necessidade de nenhuma medida específica no momento.
As últimas pesquisas de opinião mostraram que a oposição conservadora – o Partido Popular (PP) – deverá provavelmente assumir o controle do Parlamento, atualmente liderado pelo Partido Socialista de Zapatero que está no poder desde 2004, após a eleição de novembro. Isso tornará Mariano Rajoy, líder do PP, o novo primeiro-ministro da Espanha a partir de 13 de dezembro.
Zapatero afirmou que os recentes movimentos para reduzir o déficit orçamentário espanhol, que inclui a polêmica reintrodução do imposto sobre seus cidadãos mais ricos, estavam tendo um efeito positivo.
G-20 pode perder mais 20 milhões de empregos
Os riscos de um desemprego prolongado estão crescendo nos países do G-20, ao mesmo tempo em que a atividade econômica desacelera, mostrou um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentado ontem em Paris. O estudo indica que os países do G-20 perderam 20 milhões de empregos com a crise financeira de 2008 e se arriscam a perder mais 20 milhões até 2012.
“Estamos muito preocupados com o que estamos vendo nos números”, disse Stefano Scarpetta, chefe de análise de empregos na OCDE, logo antes de uma reunião de dois dias que ocorrerá na capital francesa com os ministros do Trabalho dos 20 países. A recente expansão do emprego no G-20 é insuficiente para compensar os 20 milhões de empregos perdidos na crise econômica de 2008, disse Scarpetta. O emprego cresceu 1%, mas é necessária uma expansão anual de pelo menos 1,3% para suprir a falta de 20 milhões de empregos nos países do G-20 até 2015. Scarpetta disse que a situação tende a piorar com a atual desaceleração da economia.