O UBS, o maior banco suíço, registra uma fuga de quase US$ 37 bilhões de fortunas de seus clientes nos últimos seis meses por causa da crise que enfrenta e do temor de mudanças nas leis de segredo bancário na Suíça. Ontem, o UBS revelou perdas de US$ 1,3 bilhão no último trimestre, em parte por causa de custos de reestruturação e da venda do Pactual no Brasil.
As perdas são mais de três vezes superiores ao do mesmo período no ano passado. Um dos custos mais pesados tem sido a demissão de mais de 7,5 mil trabalhadores.
Mas o que ainda preocupa é o volume de recursos que estão sendo retirados diariamente do banco por seus clientes. No total, foram 39,4 bilhões de francos suíços em um semestre saíram do banco em direção a outras instituições. O CEO do UBS, Oswald Gruebel, admite que essa hemorragia deve continuar nos próximos meses.
Só da unidade na Suíça foram retirados 16,5 bilhões de francos dos clientes. No primeiro trimestre, o volume do fechamento de contas chegou a US$ 20 bilhões.
No ano passado, o banco já havia sofrido uma hemorragia de quase US$ 200 bilhões em suas contas, mas principalmente por causa da crise financeira. Dessa vez, o motivo é outro. “A saída (de dinheiro) foi principalmente registrada depois do anúncio do acordo em conexão com as investigações sobre nossas atividades com clientes americanos”, admitiu Grubel. O UBS está sendo pressionado a dar ao fisco americano dados de 52 mil clientes que teriam burlado as autoridades e promovido uma evasão de divisas. Um acordo foi obtido com os americanos, mas ainda não está claro se os nomes dos clientes serão preservados.
PACTUAL
O custo da reestruturação tem sido alto. A venda do Pactual no Brasil teve um impacto nos resultados semestrais do banco de 492 milhões de francos (US$ 462 milhões). A venda fez parte de uma estratégia de diminuir seus riscos e reduzir o tamanho da instituição.
O banco suíço UBS vendeu sua unidade brasileira Pactual de volta o para o BTG por cerca de US$ 2,5 bilhões, ampliando sua base de recursos e reduzindo potencialmente necessidade de aumento de capital.
No total, o UBS já perdeu 3,3 bilhões de francos suíços no semestre (US$ 3,1 bilhões). Sobre o cenário internacional, o banco foi claro: não há sinais ainda de uma recuperação sustentável e a maioria das regiões ainda atravessa uma recessão. “As projeções ainda são cautelosas”, afirmou o banco, alertando que a retomada do crescimento no mundo será limitada pela falta de créditos e falta de reformas nos balanços dos governos.
O UBS foi salvo pelo governo suíço, que ficou com 9,3% das ações do banco. Gruebel acredita que o governo suíço irá se desfazer de suas ações até o fim do ano. O banco não foi o único ontem a registrar perdas. O Northern Rock, nacionalizado pelo governo britânico, perdeu US $1,3 bilhão.