Os prefixados têm feito sucesso de público e crítica entre as pessoas físicas. O aumento da percepção de que em 2010 o Comitê de Política Monetária (Copom) pode ser forçado a elevar a Selic dos atuais 8,75% ao ano para até 10,5% fez com que as projeções dos juros subissem na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e no secundário, tornando a remuneração desses papéis mais atraente. A taxação do estrangeiro com 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também ampliou o retorno desses papéis na semana passada, abrindo oportunidade extra para o aplicador de varejo, que não tem esse pedágio na entrada.
Com as Letras do Tesouro Nacional (LTN, prefixadas) com vencimento em janeiro de 2012 beirando um retorno de 12% ao ano, há certa folga até mesmo para um cenário de alta de juros, pondera o operador de Renda fixa da Ativa Corretora, Fernando Marques. Para os clientes da casa com perfil mais arrojado e posicionados nos prefixados com resgate em 2010, ele tem sugerido a troca pelos títulos mais longos. Dessa forma, o aplicador consegue pactuar uma taxa média melhor por um espaço de tempo maior.
Desde setembro – antes, portanto, da tributação para o capital externo -, com o prêmio adicional, os investidores já vinham privilegiando não só as LTN como também as Notas Financeiras do Tesouro (NTN-F), que têm a rentabilidade definida no momento da compra. No Tesouro Direto, o sistema de negociação de títulos públicos na internet, esses papéis responderam por uma fatia de 51,10% das compras totais, de R$ 94,16 milhões. Os papéis indexados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) e as NTN-B Principal, as preferidas para quem tem horizonte de longo prazo, tiveram participação de 41,42% no mês.
Como ainda não há pistas se os juros subirão no primeiro ou no segundo semestre de 2010 – e se vão realmente ser ajustados em pleno ano de sucessão presidencial -, os papéis atrelados à inflação são um porto mais seguro do que os prefixados, contrapõe o consultor de investimentos da Coinvalores Antenor Ramos Leão. Embora considere boa a remuneração garantida pela LTN com vencimento em janeiro de 2011 (10,28% na sexta-feira), se a alta da Selic vier já no primeiro semestre, a vantagem do prêmio adicional diminui.
“Se a correção for no terceiro trimestre ou no fim do ano, até valeria ficar num papel com tributação maior”, diz, referindo-se à tabela regressiva de imposto de renda, que começa em 22,5% para prazos de aplicação de seis meses e chega a 15% para períodos superiores a dois anos. “Caso contrário, o investidor estará mais bem remunerado nos títulos indexados à inflação, que têm apresentado um ótimo retorno em temos reais e em prazos não tão longos.” Conforme exemplifica, na sexta-feira, a NTN-B Principal com vencimento em maio de 2015 pagava 6,71%, além da correção do IPCA. A NTN-B de agosto de 2012 saía a 6,47%.
Nos últimos 15 dias, Marques, da Ativa, também notou uma maior procura pelas Letras Financeiras do Tesouro (LFT), pós-fixadas, que andam no mesmo compasso da taxa básica brasileira. “É o mais recomendável para o estilo conservador, que quer se resguardar de um aumento da Selic acima daquilo que está nos preços do mercado hoje.” No Tesouro Direto, esses papéis respondem, historicamente, pela menor fatia, representado apenas 16,13% do estoque global de R$ 3,085 bilhões.