Cerca de 200 empresas com classificação de crédito de risco deverão deixar de honrar seus compromissos neste ano nos Estados Unidos, segundo a agência avaliadora Standard & Poor´s (S&P), o que poderia afetar dívidas de quase US$ 350 bilhões e dar mais força a alternativas ao processo de recuperação judicial, como operações de troca de títulos problemáticos.
Nos EUA, metade dos 17 casos de inadimplência verificados em dezembro foi resultado de acordos de trocas de dívidas, quando a empresa oferece novos papéis de menor valor do que devem aos credores, normalmente buscando reduzir o custo dos juros ou adiar o pagamento do principal da dívida. As trocas tornam-se uma forma cada vez mais comum de reestruturar dívidas sem entrar em recuperação judicial nos EUA – a operação continua rara na Europa -, uma vez que as empresas do país lutam para refinanciar bônus no valor de US$ 500 bilhões e mais de US$ 1 trilhão em empréstimos bancários, em um cenário de crédito escasso.
A S&P destacou que a proporção de empresas com notas na categoria \”B\” é maior do que nunca, com cerca de 800 estando nessa situação, cerca de 30% do total. \”Prevemos que cerca de 200 empresas com ratings de crédito especulativos encontrarão alguma forma de problema financeiro que levará à inadimplência em 2009\”, informou a agência. \”Atualmente, temos mais de 180 companhias com classificação \’B-\’ ou abaixo disso, com perspectivas negativas. É onde prevemos que ocorrerão muitos casos de inadimplência.\”
As 185 empresas que estão mais ameaçadas possuem cerca de US$ 341 bilhões em dívidas por pagar. Fora dos EUA, 61 empresas com classificações \”junk\”, de alto risco, com dívidas de US$ 56 bilhões, também são vistas como tendo grande probabilidade de calote. Os setores com maior risco são o de varejo e restaurantes; carros e fornecedoras de autopeças; jogo e hotelaria; mídia e entretenimento; e jornais e editoras. Entre as maiores empresas estão a Harrah´s Entertainment, Ford Motor e Claire´s Stores, nos EUA, e a NXP e Ineos, na Europa.
O interesse nas trocas não chegou sem percalços. De início os detentores de bônus lutaram contra a ideia, como no caso da GMAC, braço financeiro da GM, e da Realogy, corretora de imóveis. A S&P diz que os investidores deverão ficar mais receptivos às propostas de trocas de dívidas.