Os técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) se preparam para revisar para cima as suas projeções de crescimento da economia mundial este ano e em 2010. O vice-diretor-gerente do FMI, John Lipsky, afirmou na sexta-feira, durante evento na Turquia, que a percepção do duro impacto da recessão mundial começa a mudar. “Após dois trimestres de uma contração econômica global sem precedentes, que se estendeu pelo primeiro trimestre deste ano, estão emergindo sinais de que a taxa de declínio da produção tem se moderado”, disse. Para ele, as condições financeiras melhoraram, a confiança está sendo recuperada gradualmente e os indicadores de produção e demanda futura estão se firmando, o que gera expectativas melhores sobre a economia.
“Espero que nas próximas semanas revisemos nossas projeções de crescimento moderadamente para cima, sobretudo com relação ao próximo ano”, afirmou Lipsky. Ele se refere às projeções atualizadas que o FMI deverá divulgar esta semana. Em abril, na última estimativa apresentada pelo organismo, era esperada contração mundial de 1,3% em 2009 e crescimento de 1,9% em 2010. Para o diretor do fundo, esta recuperação, que começa a se esboçar, deve-se às iniciativas tocadas pelos governos, por meio dos pacotes e planos de estímulo à atividade econômica, que foram coordenados globalmente “numa extensão sem precedentes”. Essas iniciativas, acredita, devem ser coordenadas internacionalmente, “para evitar as arbitragens e distorções competitivas”.
Apesar do leve otimismo, Lipsky alerta que ainda é cedo para concluir que o objetivo de restaurar o crescimento global foi atingido. Ele cita o desemprego crescente e os problemas de liquidez como alguns dos principais fatores que ainda merecem atenção. “As condições financeiras ainda estão muito longe do normal, apesar da melhora recente”, destacou. Para assegurar que a retomada do crescimento será sustentada, ele avalia que os países devem continuar atuando diretamente na restauração do setor financeiro. “As políticas devem se focar, no curto prazo, em reestruturar as instituições financeiras mais fracas, limpando os balanços e assegurando a recapitalização onde precisam”, disse.