Os principais investidores institucionais deverão exigir regras mais rígidas para consultores de remuneração de executivos porque eles afirmam que um código de conduta que os consultores propuseram não será suficiente para coibir os excessos dos conselhos de administração.
A Associação de Seguradoras Britânicas (ABI, na sigla em inglês) está insatisfeita com as diretrizes de melhores práticas apresentadas por sete destacadas consultorias de remuneração com o objetivo de refutar questionamentos significativos sobre a independência e qualidade das suas assessorias.
Peter Montagnon, diretor de assuntos de investimento da ABI, disse que eles não se aprofundaram o bastante no reconhecimento de potenciais conflitos de interesse que eram “óbvios para a maioria das pessoas”.
Consultores de remuneração para executivos são contratados pelos conselheiros que integram comitês de remuneração de empresas listadas em bolsa. Eles prestam consultoria nos temas que esses membros de conselho precisam para entender quando estabelecer gratificações no alto escalão da companhia. Profissionais de primeira linha chegam a cobrar 500 libras esterlinas por hora.
Críticos dizem, porém, que a assessoria que eles prestam está comprometida em vários níveis. Uma crítica se refere a uma predisposição para aumentar salários, gratificações e incentivos de longo prazo oferecidos a executivos.
Esse tema já foi ironizado por Warren Buffett, o investidor bilionário, quando brincou que “Ratchet, Ratchet and Bingo” (algo como “Sobe, Sobe e Bingo”) seria um nome apropriado para uma firma de consultoria de remuneração.
Consultores de remuneração também têm sido acusados de conflitos de interesse porque alguns trabalham para companhias que vendem outros serviços – como consultoria geral em recursos humanos – aos executivos cujos salários eles ajudam a determinar. As principais consultorias elaboraram uma minuta de código de conduta como resposta, assinada pela Deloitte, Hay Group, Hewitt New Bridge Street, Kepler, Mercer, Towers Perrin e Watson Wyatt.
Os signatários consideram o código mais como uma forma de explicar as melhores práticas existentes que como uma reforma.
Sir David Walker, que foi convidado a examinar as reformas na administração dos bancos britânicos, deu uma acolhida vacilante ao código no seu relatório sobre governança em serviços financeiros, divulgado no mês passado.
A ABI já adiantou, porém, que quando formular sua resposta oficial à análise de Walker nas próximas semanas ela deverá exigir uma postura mais agressiva.
A entidade quer que os conselhos de administração divulguem publicamente quanto gastam a cada ano em consultoria de remuneração, bem como quanto a direção gasta em outros serviços recebidos das mesmas firmas.
A minuta do código de conduta recomenda que essa informação seja encaminhada à presidência do comitê de remuneração, mas que não seja publicada.