Os Estados Unidos, o Canadá e a Europa vão gerar menos da metade da produção econômica mundial em 2009, uma vez que a recessão acelera uma mudança na riqueza dos países para a China e outras nações, disse o Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial (CEBR, pelas iniciais em inglês). As três economias vão responder, juntas, por 49,4% da economia mundial este ano, informou a consultoria, com sede em Londres, na sua publicação trimestral Perspectivas Globais. Isso representa uma queda em relação à faixa de 60% a 64% verificada de 1995 a 2004.
Essa previsão destaca a dimensão política da recessão, uma vez que os governos que ditaram as regras das finanças globais desde a Segunda Guerra Mundial trabalham cada vez mais com a China, o Brasil e outros países emergentes. “A economia chinesa se restabeleceu rapidamente”, disse o economista Jorg Radeke. “Isso repercutirá sobre os preços do petróleo e das matérias-primas, além de ser um dos motivos pelos quais prevemos que o preço do petróleo chegará a US$ 80 o barril em 2012.”
“Prevíamos que isso iria ocorrer, mas não tão cedo”, disse Douglas McWilliams, principal executivo do CEBR. “O Ocidente terá que começar a encarar o fato de que não somos mais dominantes e não podemos esperar que as coisas sejam do nosso jeito.” O CEBR havia previsto anteriormente que a participação das chamadas economias ocidentais recuaria para menos de 50% em 2015. Agora, a consultoria prediz que a participação da produção desses países será de 45% em 2012. Essa transição já assumiu uma forma política, uma vez que o Grupo dos 20 (G-20) ameaça eclipsar o G-7, dos sete países industrializados do mundo, e o G-8 (G-7 mais Rússia) como o principal fórum para o processo decisório global.
Líderes mundiais, entre eles o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, o presidente norte-americano Barack Obama e o presidente chinês Hu Jintao, concordaram em reformular as regras financeiras, de forma a dar mais recursos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), na última reunião do G-20, realizada em abril na capital britânica.
BRICS. A economia mundial deverá encolher 1,4% este ano, o primeiro declínio desde 1946, previu o CEBR. A China vai se recuperar da crise mais rapidamente que os outros países, o que contribuirá para que ultrapasse o Japão como a segunda maior economia do mundo, previu a consultoria. Em 2007, a China ultrapassou a Alemanha e se tornou a terceira maior economia do mundo, e em setembro de 2008 superou o Japão como o maior investidor estrangeiro nos títulos do governo dos EUA. China, Rússia, Brasil e Índia, que formam a sigla de economias emergentes Brics, detêm 41% das reservas cambiais globais. Juntos, os países do G-7 produzem diariamente só um pouco mais de petróleo do que a Arábia Saudita.