O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto
Azevêdo, disse nesta terça-feira, 15, que a questão cambial no comércio
internacional só será devidamente tratada globalmente se houver
cooperação entre os países emissores de moeda forte. Por meio de
videoconferência com os participantes do Fórum Estadão Brasil Competitivo – Comércio Exterior,
realizado em São Paulo, Azevêdo afirmou que nenhuma organização sozinha
dará conta dos desafios que envolvem a questão cambial, seja ela a OMC,
o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Essa questão
só será devidamente tratada se houver cooperação dos grandes países
emissores de moeda forte no mundo”, afirmou, acrescentando que nunca
disse que a OMC não seria foro para debater a questão cambial.
O diretor-geral da OMC afirmou que os países membros da organização
estão discutindo o câmbio no comércio exterior. Azevêdo defendeu ainda a
abertura dos países ao comércio internacional. Ele disse que a opção
sustentável para qualquer nação é aquela que “olha para fora”. “Não
acredito em soluções econômicas fechadas”, afirmou, ao lembrar que cada
país adota sua estratégia para se inserir no comércio global. “É raro
encontrar países que não aceitam (o comércio internacional).”
Negociação. Azevêdo afirmou que novas negociações
irão se concentrar na evolução de novas regras comerciais. “Fazer parte
desse processo, ter sua voz ativa nesse processo mundial global de
formação de novas disciplinas é importante”, disse.
De acordo com ele, a reunião da OMC em Bali vai ser “fundamental”
para a recuperação da credibilidade da organização como foro negociador,
no sentido de entregar resultados “que sejam efetivamente
multilaterais”. “Não será o fim da estrada, será o primeiro passo num
caminho”, comentou.
“Temos um pacote muito interessante pra Bali”, disse Azevêdo, em
referência a propostas de facilitação do comércio. “Estima-se que
aproximadamente 10% dos custos dos fluxos de comércio estejam
relacionados a custos aduaneiros”, comentou.
Segundo ele, para Brasil, o acordo em Bali é “absolutamente crítico”.
“Imagino eu que o interesse tem sido substantivo no Brasil, as
discussões tem acontecido internamente”, completou. Azevêdo mencionou
que facilitação de comércio não será o único pilar das negociações.
Ele apontou que há discussões também na área de subsídios da
exportação, mas afirmou que “é difícil ver que resultado concerto
conseguiremos agora em Bali” nesta questão. Ele apontou ainda que, como
exportador agrícola, o País pode ser beneficiado em acordo de cotas.
Segundo o diretor-geral da OMC, o “clima em Genebra mudou muito”.
“Vemos um ambiente aqui em Genebra que não existia há vários anos. Temos
expectativas de que é possível, é viável, mas ainda há riscos
importantes e estamos tentando superá-los nas poucas semanas que
restam”, finalizou, sobre a reunião de Bali.