A nova valorização do real muda o valor das perdas nos contratos de derivativos e estimula mais a negociação entre as empresas e os bancos, avalia Fernando R. de Almeida Prado, sócio-diretor do escritório Pinheiro Neto Advogados. O dólar voltou para níveis próximos de R$ 1,95, ainda bem distantes, no entanto, de R$ 1,55, seu ponto mínimo, em agosto.
Almeida Prado avalia que, diante da dimensão do problema, poucas empresas entraram com ações na Justiça e a maior parte resolveu negociar. “Empresas muito dependentes do crédito bancário não tiveram outra alternativa”, diz Eduardo Bastos de Barros, do escritório Maran, Gehlen & Advogados Associados. Outras entraram com ações ou foram para câmaras de arbitragem e acabaram desistindo dos processos e fechando acordos com os bancos, como foi o caso da Metalúrgica Riosulense, que se acertou com o UBS; da Vicunha Têxtil, que fez acordo com a Merrill Lynch; ou da Baumer, que também fez um acerto amigável com o Santander.
Almeida Prado vê, no enanto, a necessidade de aprimoramentos dos contratos, como a exigência de garantias dos bancos e das empresas, prática comum no mercado externo. “Na sua ânsia de vender produtos, os bancos talvez não tenham tido o empenho necessário para explicar produtos tão sofisticados”, diz. Um executivo de um banco nacional calcula que mais de 800 empresas poderiam estar vendidas em dólar usando derivativos mais arriscados no país, o que aumentou a inadimplência entre as pequenas e médias que, de qualquer forma, seriam atingidas por vendas menores e pela recessão.
Segundo o Banco de Compensações Internacionais, as empresas brasileiras perderam US$ 25 bilhões com derivativos cambiais em 2008, seis vezes mais do que os US$ 4 bilhões de companhias no México. Para o BIS, a “complexidade” das transações e nenhuma informação sobre as posições das empresas mostram “falta de transparência nesses mercados”.